(Frederico Haikal)
A estratégia de aumentar a reserva de energia e vendê-la a um preço melhor no mercado livre, adotada pela Cemig há cerca de dois anos, foi a principal responsável pelo aumento de 45% no lucro da estatal no primeiro trimestre, na comparação com igual período anterior. Entre janeiro e março, o lucro da companhia foi de R$ 1,25 bilhão, contra R$ 865 milhões no primeiro trimestre do ano passado.
O excedente comercializado fora do mercado cativo foi responsável por um faturamento de R$ 820 milhões, referente ao uso da capacidade de geração de 600 megawatts médios de energia descontratada que a estatal possui.
“Começamos adquirindo esta capacidade de geração no início de 2012, quando percebemos que no futuro a energia poderia ser comercializada por um preço melhor”, afirmou o diretor de Finanças e Relacionamento com Investidores da estatal, Luiz Fernando Rolla, na última segunda-feira (19), durante apresentação de resultado da concessionária à imprensa.
O megawatt-hora (MW/h) foi comprado por, em média, R$ 100 e comercializado no mercado spot (à vista) por até R$ 822, teto batido pelo Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), garantindo mais robustez ao caixa da concessionária.
A injeção de R$ 836 milhões que o governo federal fez na Cemig por meio de repasse da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) para cobrir os custos com as térmicas (que produzem a um custo maior que as hidrelétricas) também contribuiu para que a tarifa não ficasse ainda mais alta. “Se não fosse o pacote de salvamento do governo, o consumidor pagaria mais pela luz”, diz Rolla. Em 8 de abril, a tarifa da Cemig ficou 14,24% mais cara.
Lajida
A geração de caixa da companhia medida pelo lucro antes dos juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) – chamou a atenção ao bater a casa dos R$ 2,1 bilhões, montante 33% superior ao registrado no primeiro trimestre do ano passado, de R$ 1,5 bilhões. A elevação é reflexo, principalmente, da alta de 29% da receita líquida, que saltou de R$ 3,6 bilhões para R$ 4,7 bilhões na mesma base de comparação.
Outras empresas
Conforme ressalta o diretor de Finanças e Relacionamento com Investidores, a Cemig Geração e Transmissão representa 78% do Lajida, enquanto os demais braços do grupo (Taesa, Light, Telecom e Gasmig) respondem por 18,2%.
Na avaliação de Rolla, as outras empresas do grupo têm se mostrado importantes para o crescimento da saúde financeira da companhia. Ainda de acordo com ele, a estratégia de aquisições vai se manter firme. Rolla admitiu esperar um grande anúncio de aquisição para este ano.
Com relação às dívidas, a companhia deve R$ 7,4 bilhões ao mercado, débito que será estendido para além de 2021. O custo anual da dívida atualmente é de 6,23%, 0,29 ponto percentual maior do que o verificado há três meses, na divulgação do balanço de 2013 da companhia, quando era de 5,94% anuais.
A elevação é reflexo da alta da Selic. Os dados da companhia apontam que 47% do total das dívidas da Cemig estão atreladas ao CDI, enquanto 42% seguem o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Leilão de fotovoltaica está no foco da empresa
A Cemig deverá ser um dos parceiros do governo de Minas Gerais no leilão de energia fotovoltaica que vem sendo preparado pelo Estado. Apesar da possibilidade, o diretor de Finanças e Relacionamento com Investidores da estatal, Luiz Fernando Rolla, afirmou precisar conhecer melhor as diretrizes do certame antes de anunciar a participação da companhia no projeto.
“A Cemig tem sido parceira do Estado em diversas ocasiões e temos envolvimento direto com energia solar”, afirma.
Na avaliação do executivo, o preço de produção da energia fotovoltaica (considerado alto na comparação com outros modais) deve ser ajustado à realidade do mercado no médio prazo, assim como aconteceu com a eólica. No passado, o megawatt-hora (MW/h) da energia gerada a partir do vento girava em torno de R$ 260. Hoje, é de cerca R$ 120, metade do preço, podendo chegar a menos.
A fotovoltaica hoje está em aproximadamente R$ 270.