Em quatro meses, derivado da cana aumentou 17,47%; no mesmo período, inflação na capital foi de 3,42%
Posto vendia etanol a R$ 4,64 o litro nesta segunda-feira (22), em BH (Valéria Marques)
Motoristas que têm abastecido o carro com etanol já devem ter percebido o aumento de preço do combustível em Belo Horizonte e região metropolitana. O que muitos não imaginam é que a alta de 17,47% em menos de quatro meses supera em mais de cinco vezes a inflação medida na capital mineira, que no acumulado do ano é de 3,42%, segundo dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas e Administrativas (Ipead) da UFMG.
Em janeiro, o álcool era encontrado a R$ 3,38 e, neste mês, a R$ 3,97, mostra pesquisa do site Mercado Mineiro, em parceria com o aplicativo comOferta.com. O levantamento, divulgado ontem, foi feito em 18 e 19 de abril, em 202 postos da Grande BH.
A pesquisa apresenta também a comparação dos valores cobrados entre os postos de combustíveis. O menor preço encontrado para o álcool foi R$ 3,57, enquanto o maior, R$ 4,26, uma variação de 19,33%. Ontem, no entanto, a equipe do Hoje em Dia localizou um posto vendendo o derivado da cana por R$ 4,64 o litro, valor 8,9% mais alto que o praticado pelo mesmo estabelecimento na semana passada.
Vale a pena?
Diante do aumento de preço, muitos motoristas devem estar se perguntando se ainda vale a pena abastecer com etanol.
Para saber qual combustível colocar no veículo, é preciso fazer o cálculo da relação etanol/gasolina na bomba, dividindo o valor do álcool pelo valor do derivado de petróleo.
Um exemplo: com a gasolina a R$ 5,81 (preço médio atual) e o etanol a R$ 3,97, a relação será de 0,68 - ou 68%, indicando que é vantajoso abastecer com o álcool naquele posto. A maioria dos estabelecimentos já indica ao consumidor essa relação de preços.
Para Mafalda Ruivo Valente, professora de Administração nas Faculdades Promove, uma das explicações para a disparada do preço do etanol pode estar na entressafra.
“O etanol depende da safra da cana de açúcar. Atualmente estamos vivendo um período de entressafra, época em que é comum os preços aumentarem”, diz.
De acordo com a economista, outra situação é que existe uma tendência de mercado do motorista querer usar um combustível menos poluente. “Essa procura pode fazer os preços aumentarem”, explica.
A professora universitária diz que o peso dessa alta no orçamento é grande em especial para quem usa o automóvel com maior frequência.
“Se a pessoa usa o carro diariamente e realmente precisa do automóvel, esse aumento impacta e muito no orçamento, que às vezes já é muito prejudicado ou limitado por conta de um salário mínimo baixo ou custo com outras coisas essenciais”.
Além de ter que fazer o cálculo para saber o preço médio entre o valor da gasolina e do etanol e ver qual está valendo mais a pena, Mafalda orienta outras formas de economizar: tentar arrumar caronas coletivas; revezar com pessoas do trabalho de cada dia um ir dirigindo ou até mesmo usar o transporte público.
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