(Marcello Casal Jr)
Após meses de escalada contínua, a expectativa de inflação dos consumidores pode viver um período de estabilidade e até recuar no segundo trimestre. A avaliação é do economista Pedro Costa Ferreira, pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV). Tudo dependerá do comportamento do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), já que os preços no dia a dia das famílias têm grande peso em suas apostas para o futuro.
Em fevereiro, o indicador de expectativas de inflação subiu a 11,4%, de 11,3% em janeiro, segundo a FGV. Entre as faixas de renda, o movimento não foi unânime e algumas famílias chegaram a apontar mais otimismo com a evolução da inflação. "Vejo um momento de estabilidade neste patamar. Se o IPCA começar a ter trajetória mais favorável, descendente, as expectativas podem até ficar melhores", disse Ferreira.
No entanto, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou que o IPCA-15, considerado uma prévia da inflação oficial, subiu 1,42% neste mês. Com isso, a taxa de 12 meses acelerou a 10,84%.
Percepção
Mesmo assim, o economista da FGV vê espaço para melhora, desde que não haja um choque de preços em algum produto. "No início de ano, é comum haver maior percepção de que os preços estão aumentando, pois há reajustes em transportes e mensalidades escolares. Mas pode ser que, na metade do segundo trimestre, as expectativas melhorem", explicou.
A redução no pessimismo de consumidores, contudo, não deve servir para que as autoridades baixem a guarda, pois a expectativa permanecerá em patamar elevado, alertou Ferreira. "Isso tem uma consequência ruim para a economia e é um problema para o Banco Central administrar. A inércia inflacionária é maior, e essa expectativa contamina outros preços", disse.