Exportação de gusa reage, mas setor ainda patina

Bruno Porto - Hoje em Dia
19/10/2014 às 08:13.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:40
 (CELSO MARTINELLI/Divulgação)

(CELSO MARTINELLI/Divulgação)

As condições de mercado estão melhores para o parque guseiro de Minas Gerais, com o principal cliente, os Estados Unidos, em recuperação, o minério de ferro mais barato e o dólar em valorização frente ao real. O setor registra melhora de seus indicadores, sobretudo os de exportação, mas ainda sente os efeitos da crise internacional de 2008 e sofre os impactos da falta de estabilidade no ambiente econômico, o que impede a concretização de uma retomada.   “A manutenção das atuais condições no longo prazo e uma maior valorização do dólar podem nos tirar da atual situação crítica. Por enquanto, os indicadores ainda oscilam muito e não há previsão de crescimento da produção”, afirmou o presidente do Sindicato da Indústria do Ferro no Estado de Minas Gerais (Sindifer), Fausto Varela.   Em setembro, pelo terceiro mês seguido, a exportação de ferro gusa de Minas Gerais registrou crescimento, atingindo 96,2 mil toneladas embarcadas, o maior volume mensal em oito meses. No ano, até setembro, as exportações somaram 647,1 mil toneladas, um crescimento de 7,2% sobre as 603 mil toneladas de igual intervalo de 2013.    Em relação ao período pré-crise, no entanto, o volume é pequeno. Nos primeiros nove meses de 2007, antes do desaquecimento da economia mundial, o parque mineiro de ferro gusa produziu 1,934 milhão de toneladas, mais de duas vezes a produção atual.   Varela descarta que o volume exportado em 2014 seja motivo de euforia. Em 2008, as exportações representavam 50% da vendas. Desde a crise iniciada naquele ano, foram reduzidas a 25%, patamar em que se mantêm.    Desde janeiro, a demanda dos Estados Unidos cresce, mas lentamente. “As exportações em setembro são resultado de algum contrato de grande volume fechado para o mês”, disse.   A falta de estabilidade citada por Varela é verificada no câmbio. Apesar de, em setembro, a moeda dos Estados Unidos ter dado um salto de R$ 2,24 para R$ 2,44, já recuou esta semana para próximo de R$ 2,40. “Para o setor, vai começar a ficar bom quando chegar a R$ 2,70 e se mantiver nesse patamar”, afirmou Varela.   No entanto, no caso do minério de ferro, matéria-prima para a produção de gusa, a redução de preços é mais consistente. A tonelada do minério em janeiro estava em R$ 128,12, e se mantém desde então em trajetória de queda, orbitando nos últimos dias em torno de R$ 80.   Com cerca de 6,3 milhões de toneladas anuais de capacidade instalada, a produção dos altos-fornos para 2014 é prevista para 3 milhões de toneladas, o mesmo volume de 2013. A ociosidade será de 47%. O ferro gusa é utilizado principalmente nas aciarias, como matéria-prima para produção de aço e nas fundições, onde possui inúmeras aplicações, podendo ser transformado em ferramentas, autopeças, panelas e etc. O parque guseiro do Estado é formado por 104 altos-fornos distribuídos em 61 usinas.

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