Famílias passam Natal sufocadas pelo endividamento

Leida Reis - Do Hoje em Dia
18/11/2012 às 09:46.
Atualizado em 21/11/2021 às 18:22
 (Ricardo Bastos)

(Ricardo Bastos)

Recebimento de 13º salário e compras de Natal são os lados antagônicos do fim de ano. É tempo de dinheiro extra e de dívidas adicionais. E, também, de risco de que os gastos superem os ganhos.

Este ano, a família brasileira já chega ao período de festas com 44,5% de sua renda comprometida com o pagamento de dívidas, índice que há sete anos estava em 18,4%. Pesquisa da Fecomércio mostra que a inadimplência cresceu em outubro, de 5,7% no mês anterior, para 6,1%.

Apesar da estabilidade econômica, dos juros em ritmo de queda, do pleno emprego e da farta oferta de crédito, o freio no comprometimento da renda com as dívidas é o conselho dos especialistas.

“Atendi a uma jovem que comprou apartamento e as prestações consomem 50% de seu ganho mensal. Ela mora com a mãe e pode pagar isso. Queria comprar um carro e eu desaconselhei. Seria arriscado”, diz o consultor Erasmo Vieira, da Planilhar Planejamento Financeiro.

Segundo ele, um comprometimento acima de 30% dos ganhos com dívidas “começa a ficar pesado”. A Confederação Nacional do Comércio aponta que 35% dos consumidores brasileiros estão nessa situação, considerada de risco. Os que declaram não ter condições de quitar seus débitos são 33%, de acordo com levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Perdidos

No universo de consumidores endividados, alguns estão completamente perdidos. O microempresário L. M., dono de uma pequena loja no bairro Carlos Prates, decidiu virar sócio de um restaurante e, para isso, fez um empréstimo bancário de R$ 17 mil. Hoje, deve R$ 42 mil ao banco e as contas da famílias estão completamente desequilibradas. O condomínio está atrasado em quatro meses. “As dívidas consomem mais de 60% do que ganho e não vejo um tostão do restaurante. Entrei numa bola de neve e não sei como sair”.

Porteiro de uma escola estadual, Nilton José da Silva também perde o sono por conta de dívidas. Ele chegou ao serviço SPC da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-BH) dizendo que não deve o que está sendo cobrado. Mas seu nome completo, número do CPF e da Carteira de Identidade confirmam quatro dívidas.

A maior delas, de R$ 3,5 mil, venceu em fevereiro deste ano e é cobrada por uma financeira com sede em Vitória (ES), enquanto outra, de R$ 500, tem endereço em São Paulo. Há dois meses Nilton não paga aluguel. Ele mostra o contracheque e, do salário mínimo que recebe, sobram pouco mais de R$ 160.
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