(Luiz Costa)
O agronegócio mineiro está, oficialmente, em crise. O setor que vinha resistindo à retração da economia durante o ano vai fechar 2015 com um crescimento de 0,65% no faturamento: o pior dos últimos cinco anos, segundo levantamento da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg).
O mau desempenho é reflexo da perda do poder de compra das famílias brasileiras, uma vez que a maior parte da produção agropecuária é destinada para o mercado interno. Somado a isso, fatores climáticos também prejudicaram a produção durante todo ano, sendo que os últimos quatro meses registraram déficit na média de chuvas esperadas para o período.
Produtos como o café, com mais da metade da produção concentrada em Minas, tiveram uma queda de 3,5% no volume acumulado do ano.
A coordenadora da assessoria técnica da Faemg, Aline Veloso, explica que a estiagem contribuiu diretamente para o resultado.
“O café teve perda muito grande na qualidade por causa da seca. Isso fez com que os grãos não crescessem e nem ganhassem o peso ideal. Além disso, as lavouras ficaram mais suscetíveis a eventos negativos. Tivemos perdas de florestas plantadas e muitas mudas, o que potencializou o problema”.
Insegurança
A violência vivida no campo também é apontada como um problema cada vez mais presente na vida dos produtores mineiros. Dados da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) apontam que, de 2013 a 2015, os arrombamentos e furtos a residências rurais aumentaram em 68%.
Os extravios de rebanhos de suínos, bovinos e equídeos, saltaram de 868, em 2013, para 1.178 até setembro de 2015.
Expectativas
Frente ao resultado desfavorável, a falta de confiança do produtor tende a continuar em alta no próximo ano. Até mesmo o cenário político conturbado pode contribuir negativamente.
Aline Veloso explica que o único ponto positivo é que os alimentos são os últimos itens a serem cortados da cesta das famílias, mas ainda assim o setor passará por um ano difícil em 2016.
“Os custos elevados continuarão com o dólar mais caro. Isso impacta a compra de insumos, defensivos agrícolas, medicamentos para os animais e a própria energia elétrica”, completa.
O agronegócio aposta no mercado externo. Isso porque itens como carne e leite podem penetrar em grandes mercados consumidores, como a Rússia, China, Estados Unidos e até a Arábia Saudita, conforme dados da Faemg.
Nesse nicho, a valorização do dólar frente ao real pode ser um ponto favorável, uma vez que os produtos brasileiros se tornam mais baratos para os compradores estrangeiros.
O Brasil já é um dos maiores exportadores de soja do mundo, sendo a China o maior comprador.