Fecham e não reabrem: crescem os encerramentos no comércio; em BH, portas sobem para pagar dívidas

Evaldo Magalhães e Luiz Augusto
primeiroplano@hojeemdia.com.br
22/04/2021 às 18:59.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:45
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

No quarto retorno às atividades desde o início da pandemia, embora com restrições e medidas de controle sanitário, o setor de comércio e serviços de Belo Horizonte não demonstrou o mesmo ânimo das ocasiões anteriores em que saiu do “castigo”. Mesmo a poucas semanas do Dia da Mães – melhor data para os segmentos de varejo e alimentação no primeiro semestre –, o que se viu foram lojas com movimento mais tímido – e muitas, inclusive, fechadas.

A última constatação faz sentido: segundo dados da Junta Comercial de Minas Gerais (Jucemg), o número de negócios formalmente encerrados em março no Estado, a maior parte deles do comércio, foi 13% superior ao de março do ano passado, quando a pandemia chegou, e nada menos que 34% maior que o do mesmo mês de 2019, quando ninguém sabia o que era Covid. 

No total, houve 3.832 fechamentos no mês, cerca de 500 a mais que em março de 2020 (3.832) e quase mil a mais que em março de 2019 (2.855). E a real quantidade de estabelecimentos com portas abaixadas em definitivo, na prática, deve ser bem maior na cidade, segundo o Sindilojas-BH. “Muitos lojistas encerram as operações, mas não oficializam”, afirma a assessoria da entidade, lembrando que um dos possíveis motivos para isso são dívidas em aberto.

Para tirar atrasos

Débitos e compromissos atrasados ou acumulados na pandemia, aliás, são os motivos que levaram a maioria dos comerciantes da capital a respirar fundo e voltar ao trabalho, ontem, a despeito do clima de incerteza. Dono de lanchonete no Centro, José Francisco da Costa Neto precisou cortar despesas e dispensar metade dos funcionários ao longo da crise da Covid. Com a reabertura nessa quinta-feira, a expectativa dele era reaver ao menos 50% do faturamento perdido. “É a oportunidade para tentarmos colocar as contas em dia”, afirmou.

Diante do baixo poder de compra da população, uma das apostas dele era em novos produtos e promoções. Antes, o foco estava nos sanduíches, mas agora há opções de massas e saladas, além de pratos do dia. O delivery, por outro lado, principal fonte de renda do último mês, não compensou como esperado. “É mais para manter o cliente do que para pagar as contas”, garantiu José.

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