A percepção do comércio varejista da Região Metropolitana de São Paulo com relação aos níveis de estoque neste mês de janeiro está mais positiva do que um ano atrás. É o que aponta o Índice de Estoques da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), indicador que passará a ser divulgado em primeira mão pela Agência Estado todo dia 20 de cada mês.
De acordo com o levantamento, 59,1% dos cerca de 600 empresários entrevistados disseram ter mercadorias em volume considerado adequado neste primeiro mês do ano. Outros 38% afirmaram que havia inadequação de estoques - desses, 23,3% dos entrevistados reportaram excesso de mercadorias e 14,7% revelaram que estão com estoques abaixo de suas necessidades.
Com base nas informações coletadas - e de acordo com a metodologia usada pela FecomercioSP -, o índice atingiu 121,7 pontos neste mês de janeiro, em uma escala que varia de 0 a 200 pontos e na qual níveis acima de 100 pontos indicam adequação e abaixo de 100 pontos, inadequação de estoques. Em janeiro de 2013, o indicador estava em 113 pontos, ou seja, com uma percepção mais negativa sobre as condições de estocagem.
"Meses de janeiro costumam ter avaliação piorada de estoques, mas esse Natal (de 2013) não foi o pior", diz Fábio Pina, assessor econômico da FecomercioSP, sobre o desempenho das vendas e os efeitos nos estoques dos varejistas. Em janeiro de 2013, por exemplo, 27,8% dos empresários se disseram insatisfeitos nesse quesito afirmaram que os estoques estavam acima do desejável, porcentual bem superior aos 23,3% dos consultados que tiveram essa percepção neste primeiro mês de 2014.
Ao longo de 2013, o índice mostrou deterioração, movido especialmente pela inadequação de estoques para cima, ou seja, os varejistas se sentiram mais estocados do que gostariam num ano em que a economia se mostrou morna e em que a promessa de retomada não se cumpriu.
O mês mais ajustado nesse quesito foi novembro, quando o índice atingiu 129,3 pontos. Já o indicador apurado em março ficou em 111,9 pontos, mais próximo do limiar de 100 pontos, abaixo do qual o nível de estoques é considerado inadequado.
A FecomercioSP destaca que o indicador de estoques também vem piorando desde 2011, quando teve início a série histórica da pesquisa. O levantamento mostra que naquele ano o porcentual médio de nível de estoque considerado adequado ficou em 64,5%, acima da fatia de 62,5% verificada em 2012 e também superior à variação média de 60% apurada no ano passado. "Isso pode significar que o empresário vem piorando, pouco a pouco, sua expectativa em relação à economia", afirmou o economista.
Conforme o levantamento, o resultado de 121,7 pontos obtido neste mês é 7,7% maior do que o registrado em janeiro de 2013, quando o índice atingiu 113,0 pontos. Naquela ocasião, 56,3% dos entrevistados apontavam adequação de estoques, 43,3% indicaram inadequação e 0,4% não responderam. Segundo a FecomercioSP, a alta do indicador na comparação anual mostra que os estoques no início de 2014 estão em um nível mais ajustado.
Para Pina, essa percepção mais favorável em janeiro evidencia que o Natal do ano passado foi melhor que o de 2012 para o comércio varejista da Grande São Paulo. Outro fator que contribuiu para o resultado foi a antecipação da ampliação de estoques em agosto de 2013, como forma de proteção contra a tendência inflacionária e a desvalorização da taxa de câmbio. "Isso pode ter dado mais tempo para os empresários promoverem uma adequação dos estoques até o fim do ano", explicou Pina.
Queda mensal
Apesar da alta na comparação anual, o Índice de Estoques da FecomercioSP recuou em janeiro com relação a dezembro, o que nesta época do ano pode ser considerado sazonalmente normal. No último mês de 2013, 62,5% dos entrevistados indicaram estoques em nível adequado, 35,5% disseram haver um nível inadequado de mercadorias estocadas (20,6% acima do desejável e 14,9% abaixo do ideal) e 2% não responderam. Com isso, o indicador chegou a 127,4 pontos, portanto 4,5% acima do nível de 121,7 pontos apurado em janeiro.
Conforme a FecomercioSP, essa piora entre dezembro e janeiro é sazonal e está associada às vendas de Natal e ao início das férias escolares. Historicamente, vendas menores em janeiro podem gerar maior percepção de estoques acima do adequado e resultar na realização de promoções.
Para a apuração mensal dos números, a entidade consulta 600 empresários de todas as atividades do comércio da Região Metropolitana de São Paulo.
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