Apesar do arrefecimento da alta do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), da segunda para a terceira quadrissemana de outubro, o coordenador do indicador da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Paulo Picchetti, alerta que a inflação continua em nível elevado. "É um cenário melhor, no sentido de que o IPC-S não está mantendo a trajetória de aceleração em que vinha nas últimas quadrissemanas. Por outro lado, ainda mostra que está estabilizado em um patamar alto", avaliou. O IPC-S atingiu taxa positiva de 0,57% na terceira medição de outubro, após aumento de 0,62%, informou nesta terça-feira a FGV.
Segundo o economista, o grupo Alimentação, mesmo com taxa alta, permanece sendo o principal responsável pelo recuo do índice cheio. Na terceira leitura do mês, a inflação dos alimentos desacelerou e ficou em 1,04%, ante 1,22%.
Apesar da desaceleração do indicador na terceira medição de outubro, Picchetti manteve sua projeção de 0,50% para o índice no encerramento do mês e de 5,20% para o fechamento de 2012. "É óbvio que é bom que a taxa feche em 0,50%, pois logo na primeira quadrissemana (0,64%) começou a aumentar. Mas ainda é um nível muito elevado para uma taxa média mensal que seria compatível com algo perto do centro da meta (de 4,50%)", explicou.
O coordenador do IPC-S afirmou que os motivos que levaram ao avanço do índice nos últimos meses agora estão atuando de maneira oposta. "Em grande parte por conta de Alimentação. É a mesma história: os produtos in natura, que subiram bastante nos meses anteriores, estão (parte deles) com variação negativa, enquanto outros estão desacelerando", disse.
De acordo com a FGV, os preços da cenoura (-19%), pimentão (-20,51%), tomate (-19,14%) e alface (-4,40%) foram os que recuaram na terceira quadrissemana de outubro, enquanto os preços da cebola (de 12,32% para 11,90%) e da batata inglesa (de 15,60% para 11,90%) perderam força da segunda para a terceira leitura do mês.
"Juntos (cenoura, tomate, pimentão e alface) tiveram uma contribuição negativa de 0,11 ponto para o índice cheio. Também apareceram cebola e batata inglesa que, apesar de ainda estarem subindo, ajudaram na desaceleração do IPC-S", reforçou, acrescentando que dentro do grupo Alimentação há itens com trajetórias divergentes. "O arroz teve aumento expressivo (9,42%, de 8,78%) e aparece na lista de maiores contribuições. São variações bem de curto prazo que não são claramente sazonais."
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