Os indicadores antecedentes do mercado de trabalho, divulgados nesta quinta-feira (7) pela Fundação Getulio Vargas (FGV), sugerem que as condições seguirão piorando, mas com uma diferença de composição: a tendência é a taxa de desemprego subir lentamente ao longo dos próximos meses, enquanto a renda reagirá mais rapidamente, passando de desaceleração da alta para queda. A avaliação é de Rodrigo Leandro de Moura, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV).
"O mercado de trabalho sempre é um reflexo posterior da atividade econômica", diz Moura, referindo-se à retração da economia, esperada para este ano. Mais cedo, a FGV informou que o Indicador Coincidente de Desemprego (ICD) avançou 2,9% em abril na comparação com o mês anterior, para 85,8 pontos, na série com ajuste sazonal. É o maior nível desde julho de 2009 (86,3 pontos).
Segundo Moura, o aumento da taxa de desemprego poderia ser bem maior, como ocorreu nos anos de crise dos anos 1990, mas o processo de formalização da mão de obra, assim como o avanço da escolaridade entre os trabalhadores, torna o ajuste mais gradual. Isso porque o corte de postos de trabalho informal é mais barato e rápido para as empresas.
No quadro de maior formalização, as empresas acabam ajustando por meio dos salários. Elas ficam mais comedidas nas demissões, mas param novas contratações. E, quando o fazem, contratam apenas para cargos de menor salário. Daí o efeito de redução no crescimento e, com o passar dos meses, queda no rendimento médio, segundo Moura. "O ajuste na renda tende a se intensificar ao longo do ano", completa o pesquisador.
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