Fim do estímulo nos Estados Unidos anima exportadores

Bruno Porto - Hoje em Dia
01/02/2014 às 07:55.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:44
 (Fiat)

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A confirmação da retirada dos estímulos monetários dados pelo governo dos Estados Unidos à economia daquele país e a consequente desvalorização do real geraram uma onda de expectativas positivas para os exportadores de Minas Gerais. Com o real perdendo força ante o dólar desde o ano passado, pois o mercado já vinha precificando a mudança da política monetária americana, alguns setores já sentem os ganhos de competitividade.   Com o produto brasileiro mais barato no mercado internacional, a indústria automotiva espera aumentar seus embarques, os fabricantes de autopeças programam reduzir o déficit da balança comercial e os guseiros, enfim, acreditam que estão saindo da crise em que se encontram desde 2008.   Desde o ano passado o mercado já antecipava a retirada dos estímulos monetários e a cotação do real indicava o movimento que agora ganha mais força. No segundo semestre de 2013, a cotação do dólar passou de R$ 2,22 para R$ 2,34. Na última sexta-feira (31), fechou a R$ 2,42.    Como a desvalorização cambial ocorreu em diversos países, de imediato são as transações bilaterais com os Estados Unidos as que ganham competitividade.    Para os fabricantes de autopeças, que fecharam 2013 com um déficit de US$ 9,3 bilhões na balança comercial do setor no país, a expectativa é de mais vendas externas e portas fechadas para importados. “As exportações são 18% do nosso faturamento e, neste, ano podemos aumentar esse percentual com o câmbio nos favorecendo. Gradativamente vamos reduzir esse déficit da balança”, afirmou o diretor regional da Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores em Minas Gerais (Sindipeças), Fábio Sacioto. O principal destino dos embarques de autopeças são os Estados Unidos, seguidos pela Argentina.   Com 50% de ociosidade desde 2008, o salto no preço do ferro gusa, de US$ 420 para US$ 500, do ano passado para agora, deixou otimistas os produtores, que também exportam majoritariamente para os norte-americanos.    Das 3,5 milhões de toneladas que os altos-fornos instalados em Minas produzem ao ano, 25% têm como alvo os contratos internacionais, sendo os Estados Unidos o principal cliente. “Somos cautelosos, ainda não saímos da crise, mas vemos um impacto muito positivo com a desvalorização do real. De imediato, vamos preencher a capacidade ociosa e confiamos em finalmente sair da crise”, afirmou o presidente do Sindicato da Indústria do Ferro no Estado de Minas Gerais (Sindifer), Fausto Varela.   Das 62 usinas de ferro gusa do Estado, 30 estão desativadas há 5 anos.   Impacto do novo patamar cambial será sentido após março   Para os economistas e especialistas em comércio internacional, o impacto da desvalorização cambial na economia de Minas Gerais será medido com maior confiança ao fim do primeiro trimestre.    “Já há mais interesse externo em produtos nacionais, mas janeiro não é um bom termômetro. As perspectivas são agora positivas, mas é preciso aguardar para saber se, além da desvalorização do câmbio, também teremos crescimento econômico”, pondera o consultor do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Alexandre Brito.   Protagonismo   Brito lembra ainda que as indústrias de celulose, rochas ornamentais e de produtos químicos também encontram nos Estados Unidos um parceiro econômico com protagonismo no destino das exportações.   O professor de Economia Internacional do Ibmec, Reginaldo Nogueira, diz que na maioria dos setores exportadores os contratos de venda são de longo prazo, o que pode retardar o efeito da desvalorização cambial.   “Certamente é um movimento favorável para a balança comercial de Minas, que poderia se beneficiar ainda mais caso a economia fosse diversificada. De início teremos setores isolados se beneficiando, e um aumento generalizado depende ainda das turbulências que outros países mais dependentes de moeda estrangeira vão sentir”, afirmou Nogueira.

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