A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) deve aumentar em quase 60% a contratação de crédito voltado à inovação neste ano. A projeção da instituição pública é contratar R$ 10 bilhões em 2014, em comparação a R$ 6,3 bilhões no ano passado, afirmou ao jornal O Estado de s. Paulo o presidente da Finep, Glauco Arbix. Todo esse volume será contratado dentro da principal aposta do governo para agilizar os investimentos em inovação, o plano "Finep 30 dias".
Lançada há seis meses, a iniciativa prevê uma resposta final da instituição para as demandas das empresas em até 30 dias. Até agora, a Finep recebeu 246 projetos de investimentos das 1.846 empresas cadastradas, totalizando uma demanda de R$ 17,9 bilhões. Depois de seis meses, a financiadora aprovou 87 projetos, que, somados, atingem R$ 9,2 bilhões. Parte desses recursos já foi contratada e até liberada, mas a maior parcela está em fase de contratação. "O fato é que a resposta (se o projeto foi aprovado ou não) saiu em até 30 dias", disse Arbix, que comanda a Finep desde o início de 2011.
Ao todo, 102 projetos foram indeferidos. Os técnicos da área de crédito negaram a liberação do dinheiro principalmente por problemas de enquadramento (a falta de garantias adequadas, ou capacidade financeira da companhia que demandou o crédito). Além disso, Arbix afirmou que o crédito voltado para inovação é específico. "Temos condições muito vantajosas para as empresas, por isso a demanda é sempre muito grande, mas trabalhamos com inovação", disse. "Não é qualquer investimento que vamos financiar."
De acordo com Arbix, a demanda por recursos para financiar o investimento em inovação tem aumentado no País, mas ainda está distante dos parâmetros dos países ricos. "A ambição tecnológica das companhias brasileiras está aumentando, porque elas têm, gradativamente, rompido com o estilo tradicional, de país fechado e acostumado a produzir sem competitividade. Mas ainda não estamos no grau de ponta, isso leva tempo", afirmou o presidente da Finep.
Risco
Para fazer frente à demanda e, ao mesmo tempo, fomentar mais investimentos em inovação e ciência e tecnologia no País, a instituição espera concluir ainda neste primeiro semestre a extensão do "Finep 30 dias" também para convênios e subvenção, o que deve aumentar o escopo do programa.
Além disso, a Finep deve criar uma área de risco de crédito e financiamentos, concluindo o processo de transformação em instituição financeira. "Isso vai permitir a captação de recursos no mercado, o que aumentará a musculatura da Finep", disse Arbix.
O processo também fará com que a Finep passe a ser fiscalizada pelo Banco Central (BC). Com isso, o foco passará a ficar sobre os recursos desembolsados pela instituição, e não no volume contratado.
Banco
"Esta é uma outra filosofia, que tratamos junto ao Banco Central. O financiamento à inovação é diferente, não pode ser analisado sob a ótica do desembolso, porque liberamos o dinheiro aos poucos, acompanhando as empresas com que fechamos contratos de crédito", afirma. "Uma instituição financeira normal simplesmente libera o dinheiro de uma vez."
Frente aos R$ 6,3 bilhões contratados em 2013, a Finep efetivamente desembolsou R$ 3 bilhões. No ano anterior, o desembolso fora de R$ 2,1 bilhões, e em 2011, no primeiro ano da gestão Dilma Rousseff, de R$ 1,7 bilhão. "Se cumprirmos a meta de contratar R$ 10 bilhões em crédito neste ano, vamos dobrar os desembolsos", prometeu Arbix, projetando uma liberação de recursos de R$ 6 bilhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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