Gasto com alimentação volta a pesar no bolso do consumidor

Janaína Oliveira - Do Hoje em Dia
14/10/2012 às 14:31.
Atualizado em 21/11/2021 às 17:13
 (Arquivo Hoje em Dia)

(Arquivo Hoje em Dia)

Até pouco tempo em um sono leve, quase um cochilo, o dragão voltou a abrir os olhos. E acordou cheio de fome. Em setembro, a inflação acelerou a 0,57%, o maior índice para o mês desde 2003.

O principal vilão foi a alimentação, que respondeu, no período, por 53% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Os preços da carne, leite e pão, da dupla feijão e arroz e, principalmente, das compras de sacolão parecem fora de controle.

Os itens da mesa ficaram, em média, 1,26% mais salgados em setembro. E, de janeiro a setembro, somente o grupo raízes, legumes e tubérculos acumula uma alta de 48,49%, contra um IPCA do período de 3,77%.

Poder de compra

Nos últimos 12 meses, o IPCA bateu em 5,28% e está bem acima do centro da meta oficial de 4,5%. O despertar do dragão, inimigo número um das classes menos favorecidas e da distribuição de renda, levantou a discussão entre os economistas sobre o modelo econômico adotado pela presidente Dilma Rousseff e sua equipe.

“A presidente não tem a meta de 4,5% como uma obsessão. Ela tem flexibilizado as peças do tripé da economia – câmbio, superávit primário e a inflação – para enfrentar a crise financeira mundial”, afirma o vice-presidente do Conselho Regional de Economia de Minas Gerais (Corecon-MG), Fabrício Augusto de Oliveira.

Controle

Mas, para ele, a flexibilização existe sem a perda do controle. Em nome do crescimento pelo consumo, via crédito, e da melhoria do salário mínimo, o governo teria trocado o centro da meta pelo teto, de 6,5%.

De acordo com Fabrício, o repique da inflação é decorrente do repasse do aumento das cotações internacionais de importantes produtos como soja, milho, trigo e arroz, em função de problemas climáticos nos Estados Unidos e no Brasil. “Não há descontrole”, afirma.

Para o diretor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead/UFMG), Wanderley Ramalho, o dragão está domado. “Os aumentos podem ser percebidos no pão, na batata e no feijão. Mas são altas pontuais, que não vieram para ficar”, diz ele, que aposta em enfraquecimento da inflação já em 2013, mesmo com a manutenção da política de juros mais baixos.

Baforadas

“O índice fechará o ano em 5,5%, no máximo”, arrisca o membro do Conselho Federal de Economia, Wilson Benício Siqueira, que também não acredita em inflação de demanda.

“O consumo está se aproximando do limite”, diz. Nas suas previsões, o dragão continuará dando suas baforadas em 2013, mas perderá força em 2014.

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