O economista Eduardo Giannetti da Fonseca propôs, em entrevista ao 'Broadcast ao Vivo', serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, que a correção dos preços administrados "precisa ser feita de uma vez", em 2015, primeiro ano do próximo governo.
"É importante fazer de uma vez só, do contrário as expectativas do que ainda virá começam a alimentar a inflação presente", destacou. "O primeiro desafio será restabelecer o realismo tarifário e ter preços corretos para tarifas públicas e preços administrados."
Segundo Giannetti da Fonseca, o Brasil vem acumulando distorções e desequilíbrios da economia nos últimos três anos. "A inflação está teimosamente na vizinhança do teto (de 6,5%)."
Ele avaliou que o governo Dilma Rousseff recorreu ao controle de preços, o que classificou como um grande retrocesso.
"Além disso, o País tem um crescimento cronicamente baixo, um dos mais baixos da era republicana. O déficit de conta corrente é elevado, da ordem de 3,5% do PIB (Produto Interno Bruto), e coloca de novo em situação de vulnerabilidade externa", disse. "É uma combinação preocupante", apontou.
Reformas
As reformas política e tributária são fundamentais, segundo o economista. Ele defendeu que uma diminuição da estrutura do Estado brasileiro dependerá da postura do futuro presidente e também de mudanças institucionais.
"Precisamos voltar a ter uma democracia não calcada em acordos oportunistas de curto prazo, mas democracia que seja baseada na competição de projetos, de ideias", disse o economista na linha do que vem sendo defendido pelos pré-candidatos à Presidência da República que têm recebido seus aconselhamentos: Eduardo Campos (PSB) e Marina Silva, provável vice na chapa presidencial.
Giannetti preferiu, contudo, não entrar em detalhes sobre qual seria a reforma política ideal, ressaltando apenas a importância da busca de um novo modelo de governabilidade.
Sobre reforma tributária, o economista ressaltou que ela precisa começar pela simplificação do "modelo labiríntico que nós geramos no Brasil, de complexidade intratável". Giannetti disse considerar descabido que uma empresa gaste 2,6 mil horas ao ano para recolher os tributos devidos.
Segundo o economista, uma prioridade seria o compromisso de não aumentar a carga tributária do País, além de apresentar propostas para desonerar os investimentos.
Ele defende também uma política de desoneração da folha salarial, mas de forma horizontal: "(Deve ser feita) não de modo setorial e caso a caso, mas uma coisa homogênea e horizontal, para que realmente diminua o peso dos impostos que incidem sobre salário e que oneram muito o custo de produção em dólar no Brasil". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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