A presidente Dilma Rousseff está apostando todas as fichas no programa de concessões de infraestrutura para resgatar o crescimento da economia nacional, hoje afogada em um caldo de investimentos tímidos, baixo desempenho do Produto Interno Bruto (PIB), alta do dólar e avanço da inflação.
Nos bastidores, a previsão do governo é de que outubro seja o mês da virada, quando se espera que as primeiras privatizações estejam concluídas e que a onda de aumento dos preços esteja domada.
No raciocínio de Dilma, o início dos leilões para conceder ao setor privado a administração de portos, aeroportos, rodovias e ferrovias será determinante para, além de melhorar o caixa do governo, estimular o consumo, suavizar a sensação de que o País está empacado e de que a presidente deixa a desejar no quesito gerência, com obras que não andam.
Apesar de se apresentar publicamente sempre otimista em relação ao crescimento do Brasil, já no início deste ano, quando a economia começou a demonstrar os primeiros sinais de anemia - confirmados depois com o crescimento abaixo do esperado do PIB e a inflação em alta -, fontes do Palácio do Planalto admitem que o time presidencial já havia detectado internamente que o ano seria de fortes turbulências.
Para completar o quadro, a inflação permaneceu em patamar elevado, desafiando as previsões feitas pelo Banco Central no ano passado, de queda nos preços ao longo do ano. Sob críticas do mercado, os diretores do Comitê de Política Monetária (Copom) decidiram em abril aumentar os juros pela primeira vez em quase dois anos, para controlar a inflação.
Prazo
Agora, a equipe governamental está imbuída da missão de começar a sessão de "quem dá mais?" para assumir obras de infraestrutura impreterivelmente em setembro - onze meses depois de ser anunciada por Dilma.
Na semana passada, foram anunciadas as datas para a licitação de cinco lotes de rodovias, no período entre setembro e dezembro, totalizando 7,5 mil quilômetros. Nas ferrovias, serão 13 lotes a serem concedidos à iniciativa privada, num total de 10 mil quilômetros.
O governo espera que em outubro a economia esteja respondendo bem à enxurrada de desonerações promovidas ao longo do primeiro semestre, que devem chegar neste ano à casa dos R$ 72 bilhões. Foram eliminados impostos da folha de pagamento, a conta de luz ficou mais barata e até a cesta básica paga menos tributos, entre outras medidas, como o IPI menor para carros e eletrodomésticos.
Riscos políticos
Se o controle das finanças do País ainda está no plano das previsões, o impacto político que os tropeços da economia estão causando já está cristalizado. O Palácio do Planalto considera que o aumento da inflação foi a grande causa da queda de popularidade da presidente em pesquisas de opinião divulgadas recentemente.
Já se admite que os produtos mais caros no mercado deram para o PSDB o discurso que a oposição até então não tinha. E colou, como demonstra o avanço do pré-candidato à Presidência Aécio Neves nas mesmas pesquisas.
Mas os marqueteiros de Dilma preveem que, quando a economia voltar com fortes sinais vitais, até o fim do ano, como esperado pelo governo, Aécio terá mais dificuldades em se mover na escalada eleitoral. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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