O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) assumiu nesta terça-feira (8) a presidência da Comissão de Estatística da Organização das Nações Unidas (ONU). Com o anúncio, realizado na sede da ONU, em Nova York, o Brasil lidera pela primeira vez a comissão, que existe há mais de 50 anos. A presidente do instituto, Wasmália Bivar, torna-se ainda a primeira mulher latino-americana a ocupar a presidência da comissão da ONU.
"O que demonstramos é que o Brasil tem possivelmente um dos melhores sistemas de informação do mundo", definiu Wasmália, sobre a conquista.
A comissão é encarregada das principais discussões estatísticas travadas no âmbito das Nações Unidas, envolvendo temas como Censos Demográficos e Sistemas de Contas Nacionais, além de estatísticas sobre direitos humanos, ambientais e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), lembrou o IBGE.
O mandato brasileiro terá duração de dois anos. A eleição do Brasil para a presidência, determinada pelos 24 países-membros, foi anunciada durante a abertura da 47ª Sessão da comissão, da qual participaram Wasmália e o diretor de Pesquisas do IBGE, Roberto Olinto.
"Acredito que todos os 'ibgeanos' estão se sentindo bastante orgulhosos. É o trabalho do dia a dia que está sendo reconhecido. Esse reconhecimento pode até vir em forma de melhorias das nossas necessidades orçamentárias e salariais, mas é muito importante esse reconhecimento técnico. Hoje estamos felizes de fazermos parte dessa instituição tão respeitada", declarou a presidente do IBGE.
A comissão ajuda o Conselho Econômico e Social da ONU a promover o desenvolvimento das estatísticas nacionais dos países e a melhorar a comparabilidade internacional, além de coordenar o trabalho das agências especializadas e aconselhar os órgãos da própria ONU sobre questões relacionadas à coleta, análise e disseminação de informações estatísticas.
O instituto lembrou que assume a presidência da comissão justamente quando o IBGE completa 80 anos de existência.
Ao mesmo tempo, o IBGE luta para adequar suas atividades às restrições orçamentárias, em meio ao ajuste fiscal, e às dificuldades de repor o quadro de servidores que se aposentam. Os cortes determinados pelo Ministério do Planejamento culminaram com o cancelamento da contagem populacional, que deveria acontecer este ano. O levantamento consumiria cerca de R$ 2,6 bilhões. A última contagem da população brasileira foi realizada no Censo de 2010. A próxima ocorrerá apenas em 2020.
"Em nenhum momento a imagem do instituto foi abalada. Se em algum momento faltaram recursos para algumas atividades, isso não tem relação nem com a imagem nem com a competência técnica do instituto, que continua sendo extremamente respeitado. Hoje (a eleição do Brasil para a presidência da comissão) é a comprovação mais cabal disso", concluiu Wasmália.
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