Segundo o IBGE, aumentou de 40% para 60% o número de pessoas morando sozinhas na capital mineira, o que fez crescer o interesse por imóveis pequenos e bem localizados (Fernando Michel)
Os microapartamentos, imóveis com até 30 metros quadrados, viraram opção de investimento para quem tenta fugir da crise no setor imobiliário, que nos dois primeiros meses de 2023 recuou 2,5%, em comparação com 2022, segundo dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) .
Para Kênio Pereira, diretor da Caixa NetImóveis, a tendência de busca por imóveis menores e com maior valor agregado é uma realidade em outros Estados e tem ganhado força em Belo Horizonte e Minas Gerais. “O mercado está em crise e as pessoas estão querendo gastar o menos possível. O imóvel pequeno encaixa melhor no orçamento das pessoas e a demanda está aquecida”, afirma. Segundo ele, a principal vantagem para o investidor é a facilidade de encontrar interessados para alugar e o maior retorno em relação ao valor gasto.
Segundo uma pesquisa do site Quinto Andar, os microapartamentos oferecem o maior retorno de investimento na comparação com os demais imóveis disponíveis no mercado. Os pequenos apartamentos dão um retorno de 0,54% ao mês contra 0,47% da média de outros imóveis.
Do ponto de vista dos consumidores, o preço é o grande atrativo. De acordo com o levantamento realizado pelo site Quinto Andar, em BH o aluguel de um microapartamento, de até 30 metros quadrados, chega a ser metade do custo para locação de apartamentos do mesmo padrão, porém com metragem maior.
Os dados da pesquisa mostram que o preço médio da locação de um microapartamento varia de R$ 650 a R$ 1.923 nas oito cidades pesquisadas (Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo), enquanto que os valores de apartamentos de mesmo padrão e maior metragem vão de R$ 1.249 a R$ 3.064.
E o público para esse tipo de imóvel tem crescido em Belo Horizonte. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a quantidade de pessoas morando sozinhas na capital mineira saltou de 40% para 60% na última década.
Esse aumento de público potencial é o que mantém o interesse pelo mercado, mas não basta ser barato para atrair locadores, afirma Luiz Renato Caldas, CEO de imobiliária especializada na a compra e intermediação de diversos imóveis na região central de Belo Horizonte.
“É preciso oferecer boa localização e facilidades para quem busca esse tipo de imóvel. As pessoas querem comodidades, como proximidade de serviços, áreas comuns com boa qualidade e conforto mesmo em pouco espaço”, afirma.
A imobiliária de Luiz Renato atua com diversos tipos de imóvel e diz que o principal público para os microapartamentos são os investidores e, em menor número, pessoas que moram sozinhas, têm pouca exigência de espaço e querem locais mais próximos da área central da cidade.
Na pesquisa do Quinto Andar, foi identificado um perfil padrão em busca desses imóveis. São, na maioria, jovens. Três em cada quatro (75%) têm de 20 a 39 anos. E uma grande parcela mora sozinha (80%). As principais motivações citadas para morar em um microapartamento são: independência (47%), proximidade com o trabalho (44%) e a mobília (36%). No caso do último item, muito por conta de a maior parte desses studios já contar com todos os móveis inclusos.
O principal diferencial apontado é a localização (com 76% das citações). Já em relação ao condomínio, lavanderia coletiva (32%) e academia (27%) aparecem entre fatores decisivos para optar por esse tipo de imóvel. A pesquisa mostra que a maioria está satisfeita com a escolha.
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