(Toninho Almada)
A enxurrada de máquinas e equipamentos industriais chineses no mercado brasileiro está sendo engrossada por iniciativa dos próprios fabricantes nacionais. Uma boa parte das indústrias brasileiras está substituindo itens do portfólio ou montando uma segunda linha de produtos mais baratos com as máquinas importadas da China. Esse movimento pode ser constatado na Feira da Indústria Mecânica (MecMinas), aberta na terça-feira (5) no Expominas, em Belo Horizonte, onde vários estandes de fabricantes nacionais oferecem também máquinas chinesas. “Se você não pode vencê-los, junte-se a eles. E no caso dos chineses, vencê-los é uma tarefa impossível”, afirma Claudinei Francisco Tavares, diretor da Mectrial Mecânica Industrial, com sede em Nova União, na Região Metropolitana. A indústria fabrica serra de fita para corte de metais, mas também representa produtos chineses com a mesma finalidade. Segundo relatório “Indústria Brasileira de Bens de Capital Mecânico”, elaborado pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimac), entre 2007 e 2013 a participação dos bens de capital estrangeiros saltou de 52% para 69%. Concorrência desleal De acordo com o presidente da Abimac em Minas Gerais, Marcelo Veneroso, o setor amarga uma concorrência desleal com os produtos chineses. “O problema dos importados é sistêmico. Em São Paulo, participei de uma feira que tinha um pavilhão inteiro dedicado eles”, diz. Entre janeiro e agosto deste ano, o faturamento do setor despencou é 6,7% na comparação com o mesmo intervalo de 2012. Nessa Mecminas não há um pavilhão destinado aos importados, mas eles estão por toda parte. “Somos uns dos poucos expositores que realmente produz no Brasil”, afirma Luiz Carlos Sachetto, gerente da Romi, empresa sediada em Santa Bárbara do Oeste (SP). Ele afirma que o custo para produzir uma máquina em solo brasileiro é 43% superior às fabricadas na Europa ou Estados Unidos. “Comparado com a China, essa diferença é de até 80%”, diz. A Cimhsa, do Paraná, é outro exemplo de fabricante/importador. A companhia adapta máquinas importadas às normas de segurança nacionais. “Damos o mesmo suporte que uma fabricante nacional, com garantia de qualidade e assistência técnica. Porém, nossos preços são melhores”, comenta o gerente de vendas da Cimhsa, Vinícius Cordeiro. Expectativa de R$ 200 milhões Realizada no Expominas, a 11ª Mecminas vai até sexta, 8 de novembro, das 15 às 21 horas. A expectativa de Sérgio Falcão, diretor da Minasplan, empresa responsável pela feira, é a de que R$ 200 milhões em negócios sejam fechados durante o evento. Cerca de 15 mil visitantes devem passar pelos 79 estantes. Estudantes, professores e profissionais ligados à indústria mecânica não pagam entrada.