Indústria tem em maio a 3º queda seguida e já recua 1,6% no ano

Agência Estado
02/07/2014 às 09:47.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:14

A crise da indústria parece estar longe de seu fim. Após a queda de 0,5% na produção em abril (dado revisado), a produção do setor manteve a tendência e recuou 0,6% em maio, na comparação livre de efeitos típicos de cada período. Os dados foram divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira (2). O resultado ficou quase em linha com a previsão do mercado, que previa recuo de 0,5%. 

Na comparação com maio de 2013, a indústria registrou uma perda de 3,2%. Já no acumulado do ano, considerando os dados de janeiro a maio, a produção registra uma queda de 1,6%. O índice acumulado em 12 meses acumula alta de apenas 0,2%. Em abril, o índice em 12 meses era de 0,8%. Os dados de maio mostram que a indústria segue fraca no segundo trimestre deste ano.

O setor completou três meses consecutivos de retração na comparação com o mês imediatamente anterior. Maio também teve a maior perda mensal desde dezembro, quando o recuo foi de 3,6%. Tal cenário configura um padrão diferente do de 2013, quando o movimento era de alternâncias entre taxas positivas e negativas.

SETORES

De abril para maio, o fraco desempenho da indústria foi determinado especialmente pela queda de importantes setores como refino de petróleo e fabricação de álcool (recuo de 3,8%), veículos (queda de 3,9%), metalurgia (queda de 4%) e equipamentos de informática e eletrônicos (recuo de 5%). 

No caso de veículos, esta é a terceira retração consecutiva. As montadoras já anunciaram férias coletivas em algumas unidades por conta da demanda reduzida -o que fez o governo prorrogar, mais uma vez, a alíquota reduzida de IPI para alguns modelos, além de móveis.  

A perda da indústria foi disseminada entre as atividades: 15 dos 24 ramos pesquisados pelo IBGE mostraram retração. Dentre as altas, destacam-se apenas alimentos (2,5%) e a indústria extrativa (1,4%) -esta, graças ao avanço da extração de petróleo em maio, mês no qual voltou a subir, ainda que de modo discreto.

Na comparação anual, a queda foi registrada em 18 de 26 atividades.

ANO EM QUEDA

Após a forte retração de abril, consultorias, que esperavam uma discreta alta da produção neste ano, refizeram suas contas e passaram a projetar uma perda entre 0,5% e 0,8% do setor em 2014. Afetam o setor -o mais dinâmico da economia por seus "altos e baixos" e com importante encadeamento com os serviços e a agropecuária (como fornecedor ou "cliente")- juros maiores, crédito restrito, inflação elevada e especialmente empresários com menos disposição a investir neste ano eleitoral.

Além disso, os consumidores estão mais cautelosos diante de um mercado de trabalho já não tão vigoroso como antes e do menor crescimento da renda.
PIB A piora da indústria também mexeu com as previsões para o PIB. Segundo o Boletim Focus do Banco Central -que colhe projeções entre cerca de cem instituições- divulgado na segunda-feira (30), a previsão do mercado para o crescimento da economia passou de 1,16%, na semana anterior, para 1,10%. É o quinto recuo seguido. 

A paralisação para férias coletivas de alguns ramos, como o automobilístico, e os feriados decretados em algumas cidades por conta da Copa também prejudicam o setor. 

Produção industrial recua em 15 de 24 setores

A produção industrial recuou em 15 dos 24 ramos investigados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na passagem de abril para maio. As principais influências negativas para o total nacional foram registradas pelas atividades de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, com queda de 3,8%, e de veículos automotores, reboques e carrocerias, com recuo de 3,9%. 

Outras contribuições negativas para as perdas da indústria em maio foram de metalurgia (-4,0%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-5,0%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-2,1%), móveis (-4,4%) e produtos de borracha e de material plástico (-1,4%).

Na direção oposta, registraram avanço significativo na produção as indústrias extrativas (1,4%), produtos alimentícios (1,0%) e produtos do fumo (18,5%).

Bens de capital

De acordo com os dados da Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física (PIM-PF) do IBGE, a produção da indústria de bens de capital caiu 2,6% em maio ante abril. Na comparação com maio de 2013, o indicador mostra queda de 9,7%. No acumulado de janeiro a maio de 2014, houve queda de 5,8% na produção de bens de capital. Já no acumulado em 12 meses, houve recuo de 4,1%.

Em relação aos bens de consumo, a pesquisa registrou queda de 0,3% na passagem de abril para maio. Na comparação com maio do ano passado, houve recuo de 2,2%. No acumulado do ano, a queda é de 0,1%, enquanto a taxa em 12 meses é de 1,1%.

Na categoria de bens de consumo duráveis, o mês de maio foi de queda de 3,6% ante abril, e retração de 11,2% em relação a maio de 2013. Entre os semiduráveis e os não duráveis, houve aumento na produção industrial de 1,0% em maio ante abril, e avanço de 0,8% na comparação com maio do ano passado.

Para os bens intermediários, o IBGE informou que o indicador teve queda de 0,9% em maio ante abril. Em relação a maio do ano passado, houve recuo de 2,8%. No acumulado de janeiro a maio, o instituto observou queda de 1,8%, enquanto a taxa em 12 meses ficou em -0,8%.

O IBGE revelou ainda que o índice de Média Móvel Trimestral da indústria recuou 0,5% em maio ante abril. No mês anterior, a média móvel tinha sido de -0,3%.

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