(Frederico Haikal)
O aumento das expectativas em relação à inflação, as eleições presidenciais de outubro e a escalada do dólar são apontadas pelo Banco Central em seu Relatório de Estabilidade Financeira (REF) como episódios que poderiam ter afetado a saúde dos bancos no segundo semestre de 2014. Internamente, diz o relatório do BC, somaram-se os desafios impostos pelos resultados fiscais, pela persistência de elevadas expectativas de inflação, pelo baixo crescimento econômico e pelas incertezas associadas às eleições presidenciais.
Assim como nas atas do Copom, o REF trouxe também a intensificação dos ajustes de preços relativos na economia, como o - realinhamento dos preços domésticos em relação aos internacionais e realinhamento dos preços administrados em relação aos livres. Com isso, de acordo com o documento, o balanço de riscos para a inflação tornou-se menos favorável.
O REF lembra que o BC aumentou a taxa básica de juros em 3,75 pontos percentuais (p.p.) entre abril de 2013 e abril de 2014, para 11,0%, e voltou a elevar a taxa Selic a partir do final de outubro de 2014, atingindo 11,75% em dezembro. Em dezembro, citou o relatório, o BC anunciou a extensão, com ajustes, do programa de leilões de câmbio. "Diante desses condicionantes externos e internos, as taxas de juros domésticas apresentaram grande volatilidade; a partir de setembro, a taxa de câmbio registrou desvalorização, e o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) reverteu a tendência de alta."
A intermediação de crédito feita por instituições não bancárias - o shadow banking - é pequena no Brasil e por isso, avalia o BC, o risco de contaminação dos bancos brasileiros é pequeno. Segundo o diretor de Fiscalização e Regulação do Banco Central, Anthero Meirelles, o mercado shadow banking no Brasil é pequeno e regulado, por isso o risco de contaminação para o Sistema Financeiro Nacional é baixo. Pelo conceito amplo, o tamanho do shadow banking no Brasil é de R$ 2,6 trilhões. Retirando-se algumas operações, tem-se o conceito restrito, que, no Brasil, tem tamanho de R$ 382 bilhões. São classificados como shadow banking operações que têm características de operações bancárias, mas que não são bancos.
No conceito amplo estão, por exemplo, fundos de ações. Ao se retirarem algumas operações, o que sobram são instrumentos como corretora de câmbio, FIDCS abertos e sociedade de capitalização, entre outras. O diretor enfatizou, porém, que no Brasil, todos os componentes do shadow banking são regulados pelo BC, pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), ou ambos.
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