Inflação e incerteza: março na capital teve os preços no teto e a confiança do consumidor no chão

Evaldo Magalhães
efonseca@hojeemdia.com.br
07/04/2021 às 19:23.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:38
 (Evaldo Fonseca)

(Evaldo Fonseca)

Pesquisa divulgada ontem pela Fundação Ipead/UFMG sobre custo de vida e outros aspectos econômicos da capital, em março, mostrou dois indicadores com tendências diametralmente opostas que evidenciaram toda a gravidade da crise da Covid-19. De um lado, a inflação, medida pela variação de preços de 242 produtos e serviços em BH, subiu 1,24% sobre fevereiro – maior percentual registrado para o mês nos últimos seis anos.

De outro, no período em que o comércio operou com as mais severas restrições decorrentes do combate à doença – ditadas por decretos da PBH e por indicações da ‘Onda Roxa’ do governo estadual –, o Índice de Confiança do Consumidor da capital (ICC-BH) atingiu 29,01 pontos, numa escala até 100 em que 50 separa pessimismo e otimismo. Foi o nível mais baixo do indicador desde o início da pandemia e também do mês na série histórica da pesquisa, iniciada há 17 anos.

“Em relação ao custo de vida, vale lembrar que esse percentual em março não tem característica de ser tão elevado. A última vez que tivemos uma inflação nesse patamar no mês foi em 2015, sendo que na época o IPCA acumulava 8,53% em 12 meses (hoje, a estimativa anual gira em torno de 5%)”, afirma a coordenadora de pesquisas da fundação, Thaize Martins.

Já no que tange ao ICC-BH, segundo ela, o baixo indicador (19,54% menor que o de fevereiro), com recorde negativo desde 2004, é reflexo direto do cenário vivido no Estado e na capital, com recrudescimento da pandemia. “O comércio voltou a fechar e sem perspectivas de reabertura, o que, por si, já restringe a intenção de compras. Além disso, com a renda e emprego em queda, as pessoas estão bastante receosas”, ressalta Thaize.

No ICC-BH, em comparação com fevereiro, os componentes “Situação Econômica do País” e “Emprego” foram os que mais contribuíram para a piora do humor dos consumidores belo-horizontinos. O item “Pretensão de compra” também apresentou queda grande no mês (-26,88%), indicando forte retração nas intenções de consumo.

Gasolina e alimentos

A medição do custo de vida da Fundação Ipead/UFMG em BH apontou ainda que o maior vilão da alta de preços em relação a fevereiro foi a gasolina comum (que também fora a campeã dos aumentos no mês anterior): a elevação foi de 14,02%. 

Após altas consecutivas, alimentos in natura e os itens da cesta básica tiveram quedas expressivas, de 5,79% e 3,24%, respectivamente. Mas isso, segundo Thaize Martins, não é propriamente motivo para comemoração. “Produtos de sacolão, que impactam na cesta básica, subiram 15,9% nos últimos 12 meses. Portanto, houve arrefecimento agora, mas não quer dizer que estejam baratos, e sim que estão deixando de subir tanto”, diz ela.

O levantamento da Ipead/UFMG mostrou ainda que as taxas médias de juros praticadas para pessoa física na capital apresentaram alta na maioria dos setores, em março, ao serem comparadas às taxas de fevereiro. Sobre as taxas para pessoa jurídica, metade apresentou redução e a outra, elevação. 

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