(Fernando Michel)
A pandemia da Covid-19, grande “vilão” na vida de donos de bares e restaurantes, parece estar sendo controlada – ao menos, é o que dizem os últimos números, em Minas. Mês a mês, o setor vai dando demonstrações de melhora, motivados pela flexibilização do funcionamento e o avanço da vacinação. Só que os empresários do setor começam, agora, a se preocupar com outro fantasma: o da escalada da inflação, que os estaria forçando a repassar aumentos de insumos aos cardápios, afastando, em alguns casos, boa parte da clientela.
Segundo a seção mineira da Associação Brasileira de Bares e Restaurante (Abrasel-MG), que ouviu 215 empreendedores do segmento no Estado, entre 12 e 24 de agosto, 33% dos negócios que oferecem alimentação fora do lar no Estado deixaram de operar no vermelho em julho. Por outro lado, sete a cada dez bares e restaurantes reajustaram os preços dos menus, ao longo do primeiro semestre de 2021. “Hoje, nosso grande problema é fazer a compensação do aumento de custos por meio de repasses aos clientes. Tivemos subida de tudo: aluguel, energia elétrica, gás, alimentos. Tentamos represar reajustes, mas aí chega uma hora em que isso se torna impossível”, lamenta Matheus Daniel, presidente da Abrasel-MG.
Pessimismo
O mesmo levantamento mostra que 79% dos entrevistados acreditam que os custos operacionais vão continuar em alta até o fim do ano. E, diante de um cenário nebuloso, recheado de incertezas econômicas e políticas, muitos donos de bares e restaurantes ainda estão longe de comemorar. “Quando a gente achou que a preocupação maior, que era a pandemia, já tinha passado, temos de enfrentar essa inflação cada vez mais alta. Sai um vírus que se controla com vacina e entra 'outro', para o qual não vemos solução a curto prazo”, lamenta Lucas Brandão, dono de dois restaurantes em BH.
Revisão de custos
A elevação de custos, e não mais a ausência de faturamento, tem feito com que empresários revejam planilhas. “Reduzimos a equipe no bar de 12 para cinco. Já estamos operando no mesmo ritmo, com o mesmo movimento, mas tendo que exercer, cada um, múltiplas funções”, explica Tarcísio Moreira, dono de um estabelecimento em Contagem, Grande BH.
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