Irã, Egito e Venezuela não farão restrições à carne, diz governo

Renata Agostini - Folhapress
14/12/2012 às 22:43.
Atualizado em 21/11/2021 às 19:35

BRASÍLIA - Autoridades do Irã, Egito e Venezuela indicaram ao governo brasileiro que não farão restrições às importações de carne bovina brasileira, segundo o secretário-executivo do Ministério da Agricultura, José Carlos Vaz.

A informação foi dada nesta sexta-feira (14) por Vaz. Segundo ele, o governo brasileiro entrou em contato com os países após tomar conhecimento por meio da imprensa de que eles consideravam impor embargos ao produto e recebeu a informação de que não serão impostos bloqueios.

A possibilidade surgiu após o Brasil anunciar, na sexta-feira passada, a identificação do agente causador do mal conhecido como vaca louca em um animal morto no Paraná em dezembro de 2010. Após a divulgação do caso, Japão, China e África do Sul decidiram suspender as compras de carne bovina brasileira.

O secretário afirmou que, além de Irã, Egito e Venezuela, outros três países foram procurados --sem identifica-los. Apesar do esforço brasileiro para dirimir as dúvidas sobre o caso, Vaz não descartou a possibilidade de novos embargos.

As reações ignoram a posição da  Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), que manteve a classificação de risco insignificante para a doença no Brasil.

Impacto restrito

Por enquanto, o impacto comercial dos bloqueios é pequeno, pois Japão, China e África do Sul têm pouco peso nas exportações brasileiras de carne bovina. Juntos, representaram apenas 1,5% das vendas do país ao exterior entre janeiro e novembro deste ano.

Mas as decisões aumentam a pressão sobre o governo brasileiro, diante da possibilidade de um "efeito cascata" que atinja países com peso mais expressivo nas exportações, como Egito, Venezuela e Irã, países citados pelo secretário-executivo.

Eles ocupam, respectivamente, a segunda, quarta e sexta posições na lista dos principais destinos da carne brasileira no exterior.

Após a confirmação do caso, o Irã deteve cargas nos portos por suspeita de contaminação. Na Venezuela, os pecuaristas pressionam o governo para determinar a suspensão temporária da importação de carne e de animais vivos do Brasil.

A Rússia, principal destino da carne brasileira, informou que analisa o caso. Os Estados Unidos também solicitaram mais informações às autoridades sanitárias do Brasil sobre o caso do mal da vaca louca e informaram que aguardam dados complementares para decidir como proceder.

O Ministério da Agricultura reiterou que o governo organiza visitas de técnicos aos 20 principais importadores para sanar dúvidas sobre o caso. Serão enviadas missões oficiais aos três países que oficializaram embargo.

Esta foi a primeira vez que o Brasil registrou a presença do agente causador da doença.

Entenda

O caso ocorrido no Paraná foi chamado de "não clássico", já que o animal não desenvolveu a doença e não morreu em decorrência do mal.
Segundo o governo, a principal hipótese é que o agente causador da doença da vaca louca tenha surgido no mal como resultado de uma "mutação espontânea".

O consumidor brasileiro não corre o risco de contaminação pelo mal da vaca louca ao ingerir carne bovina, garantem o Ministério da Agricultura e produtores. Todos os animais da propriedade envolvida no episódio foram mortos e todos os exames feitos nos últimos anos deram negativo para a vaca louca.

A encefalite espongiforme bovina, nome científico do mal da vaca louca, foi identificada pela primeira vez no Reino Unido, em 1985. A doença provoca a degeneração do sistema nervoso central e se caracteriza pela aparição de sintomas de nervosismo nos bovinos, que os leva invariavelmente à morte em um período que pode variar de um a seis meses.

Ela preocupa as autoridades porque pode ser transmitida para humanos por meio da ingestão de carne contaminada, provocando perda da função motora e morte. Nos humanos, a versão da encefalite espongiforme bovina leva o nome de mal de Creutzfeldt-Jakob.

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