JBS suspende produção de carne bovina em 33 das 36 unidades que tem no Brasil

Estadão Conteúdo
23/03/2017 às 17:06.
Atualizado em 15/11/2021 às 13:51
 (Divulgação/JBS)

(Divulgação/JBS)

A JBS afirmou nesta quinta-feira (23), em nota, que suspendeu, por três dias, a produção de carne bovina em 33 unidades das 36 que a empresa mantém no país. Para próxima semana, a companhia irá operar em todas as suas unidades com uma redução de 35% da sua capacidade produtiva.

"Essas medidas visam ajustar a produção até que se tenha uma definição referente aos embargos impostos pelos países importadores da carne brasileira. A JBS ressalta que está empenhada na manutenção do emprego dos seus 125 mil colaboradores em todo o Brasil", destacou.

Na quarta-feira (22, a suspensão já havia sido comunicado para as unidades da JBS em Mato Grosso. A decisão não preocupa os pecuaristas da região no curto prazo, segundo reportagem publicada mais cedo pelo Broadcast Agro, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado. Com pastagens em bom estado graças às chuvas, eles têm condições de manter os animais nas propriedades, destacaram especialistas.

Outro lado

Citada na operação, a JBS informou, por meio de nota, que "qualidade é a sua maior prioridade" e a razão de ter se transformado na maior empresa de proteína do mundo. Já a BRF destacou que não compactua com práticas ilícitas e refuta categoricamente qualquer insinuação em contrário. "Ao ser informada da operação da PF, a companhia tomou imediatamente as medidas necessárias para a apuração dos fatos. Essa apuração será realizada de maneira independente e caso seja verificado qualquer ato incompatível com a legislação vigente, a BRF tomará as medidas cabíveis e com o rigor necessário".

Leia as notas das empresas na íntegra:

Comunicado JBS

A JBS exporta para mais de 150 países, como Estados Unidos, Alemanha e Japão. É anualmente auditada por missões sanitárias internacionais e por clientes.

No Brasil, há 2.000 profissionais dedicados exclusivamente a garantir a qualidade dos produtos JBS e das marcas Friboi e Seara. Todos os anos, 70 mil funcionários têm treinamento obrigatório nessa área.

No despacho da Justiça, não há menção a irregularidades sanitárias da JBS. Nenhuma fábrica da JBS foi interditada. Ao contrário do que chegou a ser divulgado, nenhum executivo da empresa foi alvo de medidas judiciais. Um funcionário da unidade de Lapa, no Paraná, foi citado na investigação. A JBS não compactua com desvios de conduta e tomará todas as medidas cabíveis.

Por fim, a JBS reforça seu comprometimento com a qualidade de seus produtos e reitera seu compromisso histórico com o aprimoramento das práticas sanitárias.

COMUNICADO BRF

1 – INTERDIÇÃO DA FÁBRICA DE MINEIROS (GO)

A fábrica da BRF de Mineiros é uma planta construída em 2006 que produz carne de frango e de peru e responde por menos de 5% da produção total da BRF. Seus produtos são destinados a exportações e mercado interno. A planta está habilitada para exportar para os mais exigentes mercados do mundo, como Canadá, União Europeia, Rússia e Japão. Isso significa que segue as diferentes normas estipuladas por esses países.

A fábrica possui três certificações internacionais que estão entre as mais importantes do mundo: BRC (Global Standard for Food Safety), IFS (International Food Standard) e ALO Free (Agricultural Labeling Ordinance). A última auditoria pela qual a fábrica passou foi realizada pelo MAPA e aconteceu entre os dias 20 e 24 de fevereiro de 2017, tendo sido considerada apta a manter suas operações em todos os critérios.

Apesar de o juiz da operação ter considerado desnecessário o fechamento da unidade, ela foi interditada, de forma preventiva e temporária, pelo Ministério da Agricultura. A medida deve durar até que a BRF possa prestar as informações que atestem a segurança e a qualidade dos produtos produzidos, o que deve acontecer em breve, uma vez que a companhia tem confiança em seus processos e padrões, que estão entre os mais rigorosos do mundo.

2 – PRESENÇA DE SALMONELLA NOS PRODUTOS

Sobre esse tema é preciso esclarecer alguns fatos muito importantes para o melhor entendimento da questão. Existem cerca de 2.600 tipos de Salmonella, bactéria comum em produtos alimentícios de origem animal ou vegetal. Todos os tipos são facilmente eliminados com o cozimento adequado dos alimentos.
Em relação ao caso da Itália divulgado na mídia, é importante esclarecer que a BRF não incorreu em nenhuma irregularidade.
O contexto verdadeiro é o seguinte: em 2011, a União Europeia definiu um novo regulamento (CE 1086/2011) para controle de Salmonella em carne de aves produzidas localmente ou importadas. Segundo este regulamento, produtos in natura não podem conter dois tipos de Salmonella: SE e ST (Salmonella Enteritidis e Salmonella Typhimurium).
O tipo de Salmonella encontrado em alguns lotes desses quatro contêineres é o Salmonella Saint Paul, que é tolerado pela legislação europeia para carnes in natura e, portanto, não justificaria a proibição de entrada na Itália.
Diante desse fato, a BRF discutiu duas iniciativas: O encaminhamento da mercadoria a outro porto, o de Roterdã, na Holanda.
Este porto holandês segue à risca o regulamento europeu. O produto obviamente passaria por todos os testes exigidos, com os mesmos padrões técnicos.

A antecipação da discussão do problema junto ao MAPA, em Brasília.
O acordo entre Brasil e União Europeia para importação de produtos alimentícios determina que não-conformidades gerem um "rapid alert" (alerta rápido) para todos os países da comunidade, para o produtor e para as autoridades sanitárias do país de origem. Portanto, a intenção da BRF foi, antes mesmo da emissão do "rapid alert", antecipar a comunicação ao MAPA e iniciar sua defesa com argumentos técnicos e científicos.

Diante do exposto, a BRF reitera que todas as medidas tomadas pela empresa e seus técnicos estão plenamente de acordo com os mais elevados níveis de governança e compliance e de forma nenhuma ferem qualquer preceito ético ou legal do Brasil e dos países para os quais a BRF exporta seus produtos.

3 – USO DE PAPELÃO

Não há papelão algum nos produtos da BRF. Houve um grande mal entendido na interpretação do áudio capturado pela Polícia Federal. O funcionário estava se referindo às embalagens do produto e não ao seu conteúdo. Quando ele diz "dentro do CMS", está se referindo à área onde o CMS é armazenado. Isso fica ainda mais claro quando ele diz que vai ver se consegue "colocar EM papelão", ou seja, embalar o produto EM papelão, pois esse produto é normalmente embalado em plástico. Na frase seguinte, ele deixa claro que, caso não obtenha a aprovação para a mudança de embalagem, terá de condenar o produto, ou seja, descartá-lo.

4 – ACUSAÇÕES DE CORRUPÇÃO

A BRF não compactua com práticas ilícitas e refuta categoricamente qualquer insinuação em contrário. Ao ser informada da operação da PF, a companhia tomou imediatamente as medidas necessárias para a apuração dos fatos. Essa apuração será realizada de maneira independente e caso seja verificado qualquer ato incompatível com a legislação vigente, a BRF tomará as medidas cabíveis e com o rigor necessário.

5 – PRISÃO DE RONEY NOGUEIRA DOS SANTOS E ANDRE BALDISSERA

Os executivos da empresa estão presos para prestarem esclarecimentos à Polícia Federal. Os dois estão sendo assistidos por advogados da empresa e suas famílias também estão recebendo todo o suporte e acompanhamento necessários.

6 – NOTÍCIAS SOBRE "CARNE PODRE"

A BRF nunca comercializou carne podre e nem nunca foi acusada disso. As menções a produtos fora de especificação, no âmbito da operação Carne Fraca, dizem respeito a outras empresas, como pode ser comprovado no material divulgado pela Polícia Federal. A BRF lamenta que parte da imprensa tenha inserido o seu nome de maneira equivocada em reportagens que tratam desse assunto, confundindo os consumidores e a sociedade.

CONCLUSÃO

Em virtude do exposto acima, a BRF vem a público manifestar seu apoio à fiscalização do setor e ao direito de informação da sociedade com base em fatos, sem generalizações que podem prejudicar a reputação de empresas idôneas e gerar alarme desnecessário na população.

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