Jogo de perde-ganha: dólar em alta é tão bom quanto ruim para o Brasil

Hoje em Dia
23/06/2013 às 07:41.
Atualizado em 20/11/2021 às 19:23

Precisa ficar claro, nessa alta do dólar em relação ao real, que o movimento é provocado mais pela conjuntura mundial do que pelos problemas atuais enfrentados pelo Brasil. A causa principal do tombo dos mercados mundiais, na última quinta-feira (20), é a percepção de que está terminando a era do dinheiro barato. A indicação foi dada pelo Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos. O reflexo disso é sentido em vários setores e, no Brasil, principalmente no câmbio.

Em setembro do ano passado, para estimular as bolsas de valores, o Fed iniciou um programa prevendo comprar US$ 85 bilhões ao mês em títulos, para que, com ações valorizadas, os americanos pudessem comprar mais, com reflexos positivos no resto da economia. Em maio passado, o Fed havia sinalizado que acabaria com esse estímulo nos próximos meses e, desde então, o real desvalorizou 10,7%. A sinalização foi renovada agora, obrigando o Banco Central a intervir e gastar, só na quinta-feira, R$ 6 bilhões das reservas brasileiras para conter mais desvalorização.

Se o câmbio for mantido perto de R$ 2,25, as exportações brasileiras devem crescer e as importações diminuir. É bom para as indústrias que terão mais facilidade para vender no exterior, mas ruim para o consumidor brasileiro. Haverá menos competição de produtos chineses, por exemplo, e pode recomeçar a escalada da inflação. É preciso encontrar um equilíbrio, o que não é fácil num momento de grandes turbulências do mercado.

Mais uma vez, o alvo dos que apostam em mudança na equipe econômica é o equilibrista Guido Mantega, há seis anos num dos cargos mais cobiçados – o de ministro da Fazenda. Ficou mais difícil para ele, desde que a presidente Dilma Rousseff resolveu enfrentar o problema dos juros altos no Brasil. Não é tarefa fácil, e as oscilações nos juros têm causado perdas nos fundos de renda fixa, sobretudo nos que aplicam em títulos corrigidos pela inflação. Os cotistas perderam 4,3% do valor do dinheiro aplicado em apenas um mês e reagiram com saques que somaram R$ 4,4 bilhões.

Um aspecto que pode ser positivo para a balança comercial brasileira é que a valorização do dólar encarece as viagens ao exterior. O turista que programou férias de julho no exterior e ainda não comprou dólar, vai ter que se apressar, pois há uma expectativa de que ele se valorize ainda mais. Por outro lado, pode cair. Esse é um jogo de perde-ganha e, quase nunca, de ganha-ganha.

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