José Aníbal defende decisão da Cesp sobre concessões

Francisco Carlos de Assis
03/09/2013 às 15:18.
Atualizado em 20/11/2021 às 21:36

O secretário de Energia do Estado de São Paulo, José Aníbal, disse nesta terça-feira (3) que foi mais do que acertada a decisão da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) de não aderir à proposta do governo federal de renovar as concessões de usinas do setor elétrico. "A Cesp vai estar pronta para encarar o novo momento em 2015, quando vencerem duas concessões importantes que a empresa tem, que são Ilha Solteira e Jupiá", previu.

Aníbal ressaltou ainda que a Cesp continuará a concessão da Hidrelétrica de Porto Primavera até 2027. Ele foi categórico ao responder ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, se a decisão de não renovar essas concessões teria sido um erro. "É óbvio que não", disse, reforçando que o erro teria sido se São Paulo renovasse. "Se aceitássemos a conta que a presidente da República (Dilma Rousseff) queria espetar em São Paulo, teríamos tido um prejuízo de R$ 6,5 bilhões. Por isso, disse várias vezes que a presidente Dilma dá com uma mão e tira com a outra. Quer fazer cortesia com o chapéu dos outros", disse, lembrando que a presidente Dilma Rousseff reagiu a essas declarações feitas por ele.

"Ela (Dilma) reagiu, mas os fatos estão mostrando que eu estava certo. Veja o despautério que está o setor elétrico hoje no Brasil. O custo absurdo e os bilhões e bilhões que eles (administração federal) estão queimando por ter feito uma mudança de forma autocrática impressionante. Nunca vi isso. Uma absoluta incapacidade de dialogar, até arrogante, sem visão de pacto federativo", afirmou.

De acordo com o secretário de Energia do Estado, São Paulo tinha disposição ao diálogo. Tanto, disse, que a Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A. (Emae) dialogou e conseguiu um resultado que levou o governo de São Paulo a assinar a renovação da concessão da empresa. "Mas no caso da Cesp eles quiseram transformar em nossa Waterloo", disse, numa analogia à batalha de Waterloo, na Bélgica, em 1814, em que a Inglaterra e a Prússia venceram Napoleão Bonaparte, possibilitando às potências europeias, porém, fim ao império napoleônico.

Caixa

Perguntado pelo Broadcast sobre o que pensa em relação à redução de 35% da geração de caixa da Cesp em 2015 comparado ao patamar atual, o secretário ponderou que isso está num horizonte muito distante. "Isso será só em 2015. Até lá temos dois anos", disse mencionando a data em que terminam as concessões não renovadas.

O importante, segundo o secretário, é que hoje a geração de caixa da empresa possibilitou à empresa auferir um lucro liquido de R$ 300 milhões após Imposto de Renda nos dois últimos trimestres. "A empresa está muito bem gerida, pagando todas as suas contas e com recursos em caixa", disse o secretário.

PDV

Sobre o Programa de Demissões Voluntárias (PDV) da empresa, Aníbal mostrou visão muito positiva. Encerrado no último dia 22 de agosto, o programa ganhou a adesão de 220 funcionários de um total de 400, próximos de se aposentarem, que poderiam ter aderido ao PDV.

"As pessoas, muitas vezes, preferem não tomar uma decisão agora, deixando para depois. Mas mais da metade dos que poderiam ter aderido aderiram", disse Aníbal após ter participado do seminário "O Aproveitamento da Energia Solar" realizado nesta Terça-feira na sede da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

De acordo com o secretário, a Cesp vai ser, com isso, uma empresa mais arrumada do ponto de vista da compatibilização entre seu corpo de funcionários e sua dimensão em matéria de geração de energia.

"O custo (do PDV) eu não sei exatamente, mas é um custo absolutamente absorvível e já está programado e no momento seguinte a empresa já passará a ter um ganho pelo fato de não ter nos seus quadros estes 220 funcionários", disse Aníbal. Estimativas dão conta de que a CESP teria um custo de R$ 50 milhões se todos os 400 funcionários aderissem ao PDV.
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