(Lucas Prates)
Depois da nona alta consecutiva da taxa básica de juros (Selic), elevada a 11% ao ano no mês passado, as condições de financiamento imobiliário tornaram-se comparativamente ainda mais vantajosas para quem busca a realização do sonho da casa própria.
Nos principais bancos, a maior parte das taxas de juros para o financiamento de imóveis não ultrapassa os 10% ao ano. O crédito imobiliário é, portanto, o mais barato e o único dinheiro disponível ao consumidor a um custo abaixo da Selic.
Para o diretor executivo de Negócios Imobiliários do Santander, Gilberto Abreu, o momento é favorável à contratação do crédito para a casa própria. Aos juros baixos, ele diz que se soma a estabilidade dos preços dos imóveis.
“O que aconteceu foi que a Selic já subiu, mas o crédito reagiu em um ritmo inferior. Temos, portanto, uma boa combinação de fatores: preços atrativos e taxas de juros reais baixas. Este é um momento único”, afirma Abreu.
No Santander, a taxa de juros anual é de 9,4% para clientes que possuem conta-salário na instituição. A menor taxa é a do Banco do Brasil, de 7,9% ao ano. Na Caixa, que concentra a maior parte dos financiamentos imobiliários, a taxa é de 8,2%. Já no HSBC, foi encontrada a maior taxa (12,5%). Por meio de nota, a assessoria informou que o banco “atribui suas taxas em função do relacionamento que o cliente possui com o banco. As taxas publicadas são taxas de referência e variam de acordo com a evolução do mercado financeiro”.
Alerta
Apesar da atipicidade da situação, favorável ao consumidor, o conselheiro da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG), Ariano Cavalcanti, antecipa que a boa fase não deverá durar muito tempo.
"A Caixa não aumentou suas taxas nas mesmas proporções da Selic e os outros bancos acabaram não aumentando também. Isso torna o financiamento interessante pontualmente, mas podemos esperar um aumento em breve, porque não há como manter essas taxas sem acompanhar a básica”, diz o conselheiro. É que, com a Selic no patamar em que está, os bancos acabam elevando os juros para obter uma remuneração maior em cima do crédito imobiliário concedido aos clientes.
De acordo com Cavalcanti, é preciso que o comprador avalie, também, o impacto da Selic na renda e no preço do imóvel a fim de saber se a redução nos juros continuará sendo interessante. “No mercado como um todo, a alta (da Selic) não é boa”.