Liquidez global tende a valorizar o real, diz Delfim

Wladimir D'Andrade
15/10/2012 às 14:12.
Atualizado em 21/11/2021 às 17:14

O economista e ex-ministro da Fazenda Antônio Delfim Netto disse nesta segunda-feira ser "óbvio que o aumento da liquidez mundial tende a valorizar o real". Segundo ele, os países desenvolvidos que promovem afrouxamentos monetários sabem disso e o Brasil toma medidas "em legítima defesa" para combater a valorização artificial da sua moeda.

Delfim deu as declarações em evento em São Paulo após ser questionado por jornalistas sobre a fala do presidente do banco central norte-americano (Federal Reserve ou Fed, na sigla em inglês), Ben Bernanke, em seminário patrocinado pelo Banco do Japão (BoJ) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), em Tóquio. Bernanke afirmou que os efeitos do fluxo de capital nas economias emergentes não são predeterminados e dependem das escolhas das autoridades monetárias dessas economias.

"Ele (Bernanke) está falando aquilo que ele tem que falar, mas é óbvio que o aumento da liquidez mundial tende a valorizar o real. Isso nem ele nem ninguém nega", disse o economista. "O Brasil apenas toma medidas em legítima defesa, medidas que estão funcionando."

Protecionismo

Sobre o questionamento de países na comunidade internacional de que o Brasil está adotando medidas protecionistas, o ex-ministro rebateu afirmando que todos os países defendem sua atividade e que o Brasil é menos protecionista do que aqueles que o acusam. "O Brasil tem uma porção de dificuldades. Tivemos um câmbio sobrevalorizado durante muitos anos, destruímos a sofisticação de uma indústria que é muito importante e agora estamos tentando reconstruir isso. Não tem nada de protecionismo", afirmou Delfim. "Na OMC (Organização Mundial do Comércio), o Brasil tem medidas que atingem outros países, e os outros países têm medidas que afetam o Brasil. Mas o Brasil é credor nessa contabilidade."

O economista foi homenageado, na capital paulista, com o título de professor emérito de 2012 ao receber o Troféu Guerreiro da Educação, promovido pelo Centro de Integração Empresa Escola (Ciee) e pelo jornal O Estado de S.Paulo. Também estava presente no evento o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB). Ele, porém, saiu da cerimônia sem falar com a imprensa.
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