Livro desconstrói os mitos da ‘Ascensão e Queda do Império X’

Bruno Porto - Hoje em Dia
16/02/2014 às 08:26.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:03
 (Divulgação)

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Uma fortuna de dezenas de bilhões de dólares foi construída e destruída em velocidade assustadora, com o dono das cifras, Eike Batista, sendo removido do posto de modelo de empresário empreendedor para, depois da derrocada, um colecionador de fracassos. Os bastidores dessa história que ainda produz impactos no Brasil contou com a omissão de órgãos reguladores e com uma relação promíscua de corretoras de investimentos com as companhias do império de Eike.    “As companhias do Império X, além da ajuda oficial e espantosa incompetência dos órgãos de fiscalização, beneficiaram-se de um fenômeno pouco divulgado, o da mistura de interesses no setor financeiro, em que bancos remunerados de acordo com a valorização das ações de uma empresa são os mesmos que avaliam e recomendam a compra dessas ações”, diz o jornalista Sérgio Léo, autor da obra “Ascensão e Queda do Império X”, que chega ainda este mês às livrarias.   A trajetória de Eike é recheada de histórias mirabolantes, planos megalômanos e cifras milionárias alcançadas com facilidade nunca antes vista no mercado financeiro brasileiro. Apesar de grande parte das histórias serem verdadeiras, alguns mitos foram derrubados na obra de Sérgio Léo.    “Sempre se ouve por aí que Eike começou a construir sua fortuna a partir de um mapa com grandes minas de ferro que teria sido herdado de seu pai, Eliezer Batista, ex-presidente da Vale. Isso não existe. O mapa que o pai dele entregou tinha outro tesouro: uma rede de contatos de grandes investidores internacionais, que se associaram a Eike posteriormente, e seriam usados para dar credibilidade às empresas pré-operacionais criadas por ele”, diz o autor.   O livro também tenta desconstruir a imagem de que Eike foi uma invenção do governo federal, e lembra que a petroleira OGX, por exemplo, estava no Mercado Novo, da Bovespa, ambiente para investimentos considerados seguros, e onde as regras de transparência e governança são mais rígidas.   “Seus projetos foram respaldados pelo mercado, pela iniciativa privada. Mesmo depois de uma série de fracassos em empreitadas anteriores, grandes investidores se aliaram a ele e ganharam muito dinheiro com a valorização das ações. Depois, a imensa maioria saiu, e o prejuízo ficou com os pequenos investidores, que foram convencidos de que eram investimentos de muito baixo risco”, afirma Sérgio Léo.   Para o autor, o homem que fracassou na tentativa de criar uma “mini-Petrobras” e uma “mini-Vale” deixou, com o fiasco, uma lição. “Sem mudanças na maneira como se financiam as ousadias dos capitalistas brasileiros, o país não está livre de surgirem, no futuro, outros ‘mini-Eikes”, capazes de danos gigantescos às economias de mini-investidores desmemoriados”, alerta a obra.

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