(Marcelo Prates/Hoje em Dia)
Se a saúde suplementar está doente, o atendimento às crianças está à beira da morte em Belo Horizonte. O Hospital Vila da Serra, especializado na gravidez de alto risco e nas patologias pediátricas de alta complexidade, anunciou que fechará as portas de seu serviço de pronto-atendimento pediátrico a partir de 20 de março, deixando de atender a quase 4 mil meninos e meninas por mês.
A instituição é mais uma na capital que abandona a especialidade sob alegação de prejuízos em função da baixa remuneração oferecida pelos convênios.
De acordo com o Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed-MG), outras 20 acabaram com a oferta do serviço nos últimos anos, na capital.
Quem sofre é o consumidor, que paga caro pelos planos mas não tem assistência adequada para seus filhos. Com as contas no vermelho, por causa do pagamento baixíssimo das operadoras, o Felício Rocho também eliminou o pronto-atendimento pediátrico.
“No geral, com poucas exceções, todos os outros hospitais da região abandonaram essa atividade, pela complexidade do atendimento e pela baixa remuneração”, justificou o Vila da Serra, em nota.
Restam quatro
Para o diretor do Sinmed-MG, o pediatra Paulo Marra, o caso é gravíssimo. Com a interrupção do pronto-atendimento no Vila da Serra, restam aos usuários de planos de Belo Horizonte apenas o Hospital da Unimed, o Mater Dei, o Padre Anchieta e o São Camilo. Mas os donos deste último dizem que ele não comporta mais pacientes.
“O usuário é sempre submetido a um chá de cadeira. Em alguns, como no Hospital da Unimed, a demora passa de quatro horas”, diz Marra.
Segundo ele, os valores pagos aos plantonistas são menores que a remuneração do médico do consultório. “A maioria dos planos paga entre R$ 55 e R$ 80, mas alguns não oferecem mais que R$ 42. O ideal é algo entre R$ 100 a R$ 120, pois a responsabilidade é enorme”.
Para o gerente do Procon da Assembleia, Gilberto Dias Souza, a situação está virando caso de polícia. “Os planos sobem ano após ano, mas o repasse aos profissionais e hospitais, não. A Agência Nacional de Saúde precisa agir”, cobrou.