Banco Central decidiu manter taxa de juros em 10,5% ao ano pela 2ª vez consecutiva; Fiemg reclama de "patamar restritivo"
Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (31), manter a taxa Selic em 10,5% ao ano. Esta é a segunda vez consecutiva que o comitê decide pela estabilidade do juro básico da economia. A decisão foi justificada pela alta nas expectativas de inflação, a desvalorização cambial e incertezas com relação às contas públicas. Comércio e indústria reagiram mal à notícia.
Na avaliação do presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), Marcelo de Souza e Silva, o comércio varejista da capital, que vem apresentando crescimento ao longo do ano, pode sofrer impactos negativos com a manutenção da taxa. “Um ambiente com a taxa Selic mais baixa poderia estimular o consumo e os investimentos, favorecendo a expansão econômica”.
O dirigente da CDL/BH acrescenta que a Selic em patamares elevados, embora possa ser necessária para controlar a inflação, pode afetar a dinâmica no comércio e setor de serviços.
“Toda redução, mesmo que tímida, é positiva para o comércio. Afinal, a queda da taxa de juros afeta a confiança, aumenta o crédito disponível e, consequentemente, o consumo e os investimentos”, disse. “O que precisamos é ter, até o fim do ano, a taxa Selic em apenas um dígito”, completa.
Em nota, a Federação da Indústria do Estado de Minas (Fiemg), ressaltou que a manutenção da política monetária em “patamar restritivo”, sem a sinalização de futuros cortes na taxa de juros, “coloca em alerta os agentes econômicos”.
“Nesse contexto, a capacidade produtiva é diretamente afetada, e os impactos são sentidos de forma sistêmica”, segue a nota, pontuando “desafios significativos” que vão desde a limitação da capacidade de investimento até a redução da competitividade.
“Esses fatores, combinados, desestimulam o investimento e afetam negativamente o crescimento econômico, a geração de emprego e a renda da população. É intolerável a manutenção da Selic neste patamar, e cortes nos juros se tornam não apenas urgentes, mas vitais para criar um ambiente mais favorável ao desenvolvimento econômico e social do país”.