O mau desempenho de um grupo de indicadores da economia ganhou destaque na campanha eleitoral antecipada. Com isso, a presidente Dilma Rousseff tem o desafio de manter em funcionamento a chamada nova matriz econômica, mesmo diante do acúmulo de resultados ruins em áreas como inflação, comércio exterior, contas públicas, produção industrial e o baixo nível de investimentos.
A aposta dos conselheiros políticos de Dilma é que temas como o baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) ou mesmo a alta da inflação não chegam ao coração dos eleitores, mas emprego e consumo, que seguem com bons resultados, sim. Os altos índices de aprovação de Dilma corroboram essa leitura. A pergunta dos economistas é se essa estratégia se mantém até as eleições. E, ficando, o que será feito com as distorções geradas até agora.
A inflação acima da meta, de 6,59% nos 12 meses encerrados em março, foi explorada pelo senador tucano Aécio Neves, que acusou o governo de ser "leniente" com a alta de preços. O deputado e líder sindical Paulo Pereira da Silva foi além: defendeu a volta da correção salarial, o chamado "gatilho", o que o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), classificou de "veneno em frasco de remédio".
Na quinta-feira, o governo divulgou que teve, em abril, o pior desempenho comercial para o mês: déficit de US$ 994 milhões. Com isso, aumenta o rombo no saldo das transações do Brasil com o exterior. Pelo menos desde março, esse problema entrou no radar de preocupações da equipe econômica.
Nos últimos cinco anos, o saldo em transações correntes do País com o exterior caiu perto de US$ 70 bilhões. As trocas do Brasil com o exterior aumentaram 19% entre 2007 e 2012, segundo o economista-chefe da corretora Tullett Prebon, Fernando Montero. Apesar disso, o investimento caiu, a inflação aumentou e a economia patinou. Por outro lado, o desemprego caiu e o consumo cresceu. "A nova matriz econômica tem grandes méritos sociais. Mas gerou desequilíbrios."
Ele avalia que o espaço de manobra da nova matriz está se restringindo rapidamente. Isso porque a peça básica do modelo econômico de Dilma é a queda dos juros. Com a economia proporcionada pela queda da despesa financeira, o governo poderia investir mais e, com isso, enfrentar a inflação, o baixo crescimento e a infraestrutura deficiente.
O problema é que a queda da taxa Selic, interrompida em abril, não gerou um recuo do custo da dívida na mesma proporção. Assim, a trajetória de queda do saldo da dívida líquida do setor público como proporção do PIB, que funciona como atestado de boa saúde da economia brasileira, fica ameaçada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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