Menor custo: Brasil está deixando de ser o último 'almoço grátis'

Do Hoje em Dia
12/10/2012 às 07:12.
Atualizado em 22/11/2021 às 02:01

Com a nova redução decidida na quarta-feira (10), a dívida pública financiada pela Selic passa a pagar juros de 7,25% ao ano – ou um juro real próximo de 2%. Aos poucos, o Brasil vai deixando de ser o último “almoço grátis” no mundo para os bancos, como observou na semana passada Dilma Rousseff, em entrevista ao jornal britânico ‘Financial Times’. A presidente se referia aos juros elevados cobrados pelo sistema financeiro no país.

Quando o setor bancário passa a atuar em níveis normais de lucratividade, ganha o setor produtivo da economia, pois o dinheiro que era atraído por lucros excessivos em aplicações financeiras acaba sendo direcionado para a produção. É de se notar, porém, que 2% de juros reais por ano ainda são elevados, na situação atual das finanças internacionais. Por isso, não se espera uma retração acentuada das aplicações em títulos da dívida pública.

De qualquer forma, os bancos vão ter que sair do conforto em que se achavam e aplicar recursos em investimentos que proporcionem lucro maior do que o garantido pelos empréstimos ao governo. O que não podem, pois isso prejudica os clientes, é elevar ainda mais suas tarifas e o custo dos serviços. Foi exatamente o que fizeram alguns bancos, quando se viram obrigados a baixar os juros para não perderem clientes para a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil. Esses bancos estatais, pressionados pelo governo, reduziram seus juros depois de meses fingindo que nada havia acontecido com a Taxa Selic, cujos juros caíram mensalmente, desde agosto do ano passado. Naquele mês, a Taxa Selic estava em 12,5% ao ano.

Nesta semana, o governo elevou o nível de pressão, e o Banco do Brasil anunciou um corte de até 34% nas tarifas cobradas dos clientes para vários serviços. Logo depois, a Caixa diminuiu em até 25% o preço das tarifas e pacotes de serviços. É uma contribuição importante dos bancos estatais ao esforço de redução do custo financeiro no país, pois os bancos privados se sentirão pressionados a acompanhá-los mais uma vez. Sobretudo porque a Caixa deixa de cobrar tarifa de confecção de cadastro para novos clientes. Essa tarifa custava R$ 30 para pessoas físicas e R$ 28,50 para empresas.

É possível que esse cenário positivo sofra mudanças nos próximos meses, se piorar a crise financeira na Europa. Pois o Brasil é um país, conforme o FMI, bastante vulnerável a essa crise. Coincidência, talvez, esse alerta do FMI e a ação do governo.

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