Mercedes coloca em xeque cadeia de fornecedores em JF

Raul Mariano - Hoje em Dia
15/10/2014 às 08:22.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:37
 (MARCELO RIBEIRO)

(MARCELO RIBEIRO)

Com a confirmação de que a produção dos caminhões Accelo na fábrica de Juiz de Fora será encerrada em 2016, a Mercedes-Benz colocou em xeque a continuidade da cadeia de produção formada pelas empresas terceirizadas, que prestam serviço para a montadora na cidade.

Fornecedores de rodas e artefatos de alumínio, chassis, assentos automotivos, painéis e para-choques instalados no pátio da empresa permanecem em compasso de espera.

Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais – Regional Zona da Mata, Francisco Campolina, o fim da produção do Accelo representará uma queda de R$ 3 milhões na arrecadação da cidade.

“O centro de distribuição da Mercedes conta com um processo de logística complexo, envolvendo pessoas de alto conhecimento e tecnologia avançada. Tudo isso custou muito caro para se implantar e vamos fazer tudo que for possível para evitar essa perda”, afirma.

Para Campolina, a proposta da montadora de concentrar a produção de cabines no município não é positiva, pois retira da cidade atividades de alto valor agregado ligadas à produção dos caminhões.

Será um desafio para os fornecedores e prestadores de serviço da Mercedes em Juiz de Fora. O diretor operacional da empresa de logística Ceva, Ruy Nogueira, afirma que ainda não é possível avaliar como as operações da empresa serão afetadas, já que a Mercedes-Benz não forneceu um escopo detalhado de como acontecerá a mudança.

“Ao que nos parece, a logística ficará mais complexa, o que representa uma oportunidade de trazer soluções ainda mais completas para o cliente”, avalia o diretor, otimista.

“Como especialista em abastecimento de linhas em operações com alta complexidade, continuaremos colocando expertise em toda e qualquer demanda da Mercedes”, acrescenta.

Hoje, além da Ceva, outras oito empresas trabalham diretamente com a Mercedes-Benz, fornecendo materiais e serviços utilizados nas montagens dos caminhões, segundo informações do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas de Juiz de Fora e Região (Stim/JF).

Funcionários mantêm paralisação e montadora descarta demissões

Enquanto não chegam a um acordo com a empresa, os funcionários da Mercedes-Benz em Juiz de Fora continuam de braços cruzados. As atividades foram paralisadas na terça-feira, em protesto pela transferência da linha de montagem do caminhão Accelo para São Bernardo do Campo a partir de 2016.

A primeira proposta do sindicato para a empresa é a permanência da produção dos caminhões na planta local. A segunda proposta é a substituição pela fabricação de carros.

Em Brasília, o presidente do Stim/JF, João César da Silva, o prefeito de Juiz de Fora, Bruno Siqueira e o presidente da Regional Zona da Mata da Fiemg, Francisco Campolina, se reuniram com o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges, para discutir uma solução junto à montadora. No entanto, nenhum representante da empresa compareceu.

De acordo com Campolina, o governador de Minas, Alberto Pinto Coelho, e o governador eleito, Fernando Pimentel, já estão cientes da situação. “O governador do Estado, Alberto Pinto Coelho, vai verificar as sanções pecuniárias que eventualmente a Mercedes pode sofrer”, relata Campolina.

Por meio de nota, a assessoria de imprensa da Mercedes-Benz reafirmou, nessa terça-feira (14), que a reorganização das atividades “não trará reduções ao nível de emprego para a planta mineira”.

A empresa ressaltou que está se esforçando para adequar a queda das vendas à mão de obra das duas fábricas.

Mobilização do executivo e legislativo

De acordo estimativas do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas de Juiz de Fora e Região (Stim/JF), 750 trabalhadores prestam serviço diretamente para a Mercedes-Benz no município. Com o fim da produção do Acelo em 2016, somente os setores de pintura e montagem das cabines, que conta com 300 funcionários, permaneceria em funcionamento. A linha do Actros, com menor de volume de produção, não será afetada. 

Além disso, 166 funcionários estão com contrato de trabalho suspenso por cinco meses, no chamado lay-off. Além do poder executivo, vereadores de Juiz de Fora também se envolveram na causa e uma audiência pública será convocada para a próxima semana, com o objetivo de solucionar o impasse.  

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