Mesmo com queda da Selic, juro permanece alto para consumidor

Janaína Oliveira - Do Hoje em Dia
07/09/2012 às 14:14.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:05
 (Toninho Almada)

(Toninho Almada)

As investidas do Governo federal para reduzir os juros ainda estão longe de ter o resultado esperado na ponta do consumo. Enquanto o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) promoveu o nono corte consecutivo na taxa Selic, que passou a 7,5% ao ano, para o consumidor as taxas continuam estratosféricas.
 
O cartão de crédito é um bom exemplo de como o corte da Selic passou distante do consumidor. Em agosto, os juros do dinheiro de plástico giraram em torno de 12% em Belo Horizonte, percentual idêntico ao de julho e mesmo patamar há quase dois anos.
 
Os dados são da Pesquisa e Desenvolvimento do Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead). A taxa acumulada no ano chega a absurdos 324,79%.

Multiplicação

“Para ter uma ideia clara de como o cartão de crédito pode corroer o orçamento do trabalhador, uma dívida de R$ 1 mil à operadora se transforma em R$ 4.247,85 em um ano e quase R$ 16 mil em dois anos. Em três anos, a dívida pula para R$ 64 mil”, adverte o coordenador do Ipead, professor Wanderley Ramalho.

Cheque especial

No cheque especial, a conta também sai bem cara. Com juros de quase 8% mensais e 156% anuais, o empréstimo de R$ 1 mil por uma das modalidades mais utilizadas pelo brasileiro acaba se transformado em mais de R$ 2.500 ao final de 12 meses.
 
“As ações tomadas pelo governo para cortar os juros não chegam ou chegam de forma muito tímida na ponta do consumo. É preciso muita atenção para não cair em um descontrole financeiro. A maioria das pessoas só pensa se aquela prestação cabe no seu salário. E esquece-se da incidência de juros sobre juros”, adverte Ramalho.

Financeiras

Ainda assustam os juros cobrados, na capital mineira, pelas financeiras independentes (11,6%), apesar da queda 11% em agosto na comparação com julho. Por outro lado, as taxas cobradas pelos cartões de redes de postos de combustíveis deram um salto de 17% de um mês para o outro, chegando a 8%. “É uma roubada”, alerta o professor.
 
Ainda registraram aumento as taxas prefixadas para automóveis usados (2,94% nas montadoras e 3,37%, multimarcas) e para empréstimos nas cooperativas de crédito, cuja alta passou de 26% de julho para agosto. “Tendo isso em vista, é necessário a continuação do esforço da equipe econômica para fazer baixar os juros na ponta do consumo que permanecem extremamente altos em diversas modalidades de crédito”, diz o relatório do Ipead.

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