Meta do país em 2022 é retornar ao nível de 2019, avaliam economistas

Leíse Costa
leise.costa@jhojeemdia.com.br
09/12/2021 às 21:13.
Atualizado em 14/12/2021 às 00:37
 (Reprodução/ Pixabay)

(Reprodução/ Pixabay)

Um ano que começou com uma estimativa de inflação de 3,5% e vai fechar acima de 10,6%: esse dado diz muito sobre o panorama da economia do Brasil de 2021. Em coletiva à imprensa para análise e perspectivas para economia e negócios em 2022, economistas do Ibmec apontaram a volta do “Dragão da inflação” como o pesadelo deste final de década. Na análise dos especialistas, a trajetória da inflação afetou diversos setores econômicos, o que fará de 2022 um ano dedicado a retomar o patamar de 2019, pré pandemia – isso, se pelo caminho não surgir nenhuma surpresa desagradável, como novas restrições devido à Covid-19, somada à volatilidade esperada em ano eleitoral.

Entre 2020 e 2021, o ápice da inflação nos setores de alimentação (16%), artigos de residência (12,6%) e habitação (14,8%) foram pressionados pela grande concentração das pessoas nas residências. De acordo com Marcio Antonio Salvato, naquele momento, a produção nacional não conseguiu atender o consumo. “Com o movimento de ‘fica em casa’, as pessoas mudaram os hábitos. Supermercados e aquisições para melhorias nas residências geraram pressões de demanda por esses itens. Já o transporte (19,6%) foi pressionado pelo preço de combustíveis e o problema de câmbio”, ressaltou Salvato, doutor em economia e coordenador de Ciências Econômicas do Ibmec Belo Horizonte.

Com base no relatório Focus, do Banco Central, as projeções de crescimento apontam que o objetivo é retomar o patamar de 2019 e, em alguns casos, até menor. A projeção é que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresça 0,51% frente a 1,4% projetado antes da pandemia. Alcance 1,95% de crescimento em 2023 e 2,1% apenas em 2024. Isso, como ressaltara, se nenhum fator negativo imprevisível surgir – como fechamento de comércios novamente.

“Em 2019, a inflação estava em um patamar entre 2 e 3% e tínhamos uma taxa de crescimento, que não era alta, mas consistente. Agora, vemos o retorno da década perdida que começa em 2014, o início de um processo recessivo, em um momento que estávamos começando um processo de recuperação, mesmo que aquém das metas da época. Porém, com a pandemia, houve um novo choque de inflação alta e, como remédio, foi necessário desaquecer com uma política monetária mais agressiva com subida de taxa de juros”, ressaltou Salvato.

Além dos fatores econômicos vulneráveis ao surgimento de novas cepas de coronavírus, há outro fator que pode ser considerado ‘agravante’: as eleições. Tradicionalmente, anos eleitorais afetam diretamente a economia, conforme novos nomes e propostas surgem no cenário. “Presidente que fala demais gera muita volatilidade”, resumiu o professor de economia, William Baghdassarian. Em relação a um nome preferido, os economistas foram unânimes em dizer que o desconhecido é sempre visto como a pior opção pelo mercado. “Os agentes que estão apresentados até o momento são conhecidos, já sabemos quem é quem, quais são as propostas de cada um e, nestas condições, pode haver alguma incerteza, mas imagino que haja uma menor volatilidade dentro deste cenário apresentado”.

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