Tranquilidade, ar puro, vista das montanhas e imóveis amplos valorizam valor do metro quadrado em Nova Lima (Maurício Vieira)
A paisagem mais valorizada do Brasil não está nas praias do Rio de Janeiro nem nas esquinas agitadas pelo frenesi econômico de São Paulo. É a visão e a tranquilidade das montanhas de Minas Gerais que garantem a Nova Lima, na Grande BH, um lugar entre as cidades com o metro quadrado mais caro do Brasil.
Os dados são de um levantamento realizado pela consultoria Loft Dados em nove municípios brasileiros. O preço médio do metro quadrado de imóveis residenciais em Nova Lima ultrapassou os R$ 12 mil, valor acima do registrado em Belo Horizonte e outras capitais do país, como São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Porto Alegre (RS).
O estudo mostrou também os dez bairros mais valorizados da cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte: Jardinaves, Cristais e Jardim das Mangabeiras se destacando nas três primeiras posições.
No bairro Jardinaves, que lidera o ranking e fica próximo à região do bairro Belvedere, em Belo Horizonte, a média do metro quadrado é de R$ 15,2 mil. Na prática, isso significa que um apartamento de 150 metros localizado neste bairro pode custar mais de R$ 2 milhões ao futuro morador.
Para Rodger Campos, gerente de dados da Loft, responsável pela pesquisa, o que explica o resultado é a proximidade com Belo Horizonte e a concentração de muitos condomínios de alto padrão em um ambiente agradável e áreas amplas.
“O Plano Diretor de Belo Horizonte é restritivo e limita a oferta de imóveis novos. Nova Lima tem uma oferta maior de produtos que atendem à demanda de famílias que querem imóveis mais amplos, com mais vagas de garagem, por exemplo”, afirma.
Características que conquistaram o belo-horizontino Wilton Pacheco de Araújo, de 62, que viveu por 36 anos em Ipatinga, no Vale do Aço, onde trabalhava. Depois de aposentado, ele resolveu voltar para Belo Horizonte, mas não queria perder o aspecto de cidade do interior nem ficar longe das montanhas – o que o levou para Nova Lima.
“Frio, tranquilidade, bom visual, e próximo de recursos que a gente pode precisar. Nova Lima tem isso, é próximo, mas mantém distância”, diz Wilton, que comprou o terreno no condomínio Mirante da Mata, na região do Jardinaves, e construi a casa do jeito que queria.
Rodger Campos afirma que os imóveis em Nova Lima têm, em média, 170 metros quadrados, característica com pouca disponibilidade na capital mineira. Somado a isso, apresentam um acabamento de padrão alto nível, que também não é encontrado na média dos imóveis em Belo Horizonte.
A capital mineira ficou apenas na quinta colocação entre as cidades pesquisadas. O preço médio do metro quadrado em BH foi de R$ 6,2 mil, quase metade do que foi registrado em Nova Lima.
Urbanização tardia
Para o corretor de imóveis Eduardo Fernandes, que atua na compra e venda de apartamentos e casas em Nova Lima há 23 anos, a pesquisa reflete uma realidade enfrentada por quem quer morar na cidade. A razão, na avaliação dele, é histórica e se justifica por uma urbanização tardia de regiões que antes eram reservadas às atividades de mineração.
“Em Nova Lima existem poucos terrenos livres. A área central da cidade é toda ocupada e o entorno foi preservado para a mineração. Isso acabou favorecendo a cidade, impediu o surgimento de invasões ou crescimento desordenado e manteve a paisagem preservada. É isso que atrai os compradores hoje”, avalia.
Pandemia
Outra razão destacada por Rodger Campos para a valorização dos imóveis em Nova Lima tem razão com a pandemia de Covid-19. “As pessoas buscaram casas mais amplas, com maior qualidade para a família e melhores condições de continuar o trabalho”. Condições que os condomínios de Nova Lima oferecem que se somam à proximidade da infraestrutura e recursos da região central de Belo Horizonte.
Por isso, na comparação com levantamento feito em 2021, os preços em Nova Lima continuaram subindo, com alta de 5%, enquanto outras cidades como Belo Horizonte (-5%), São Paulo (-11%) e Porto Alegre (-24%) registraram queda no valor dos imóveis.
O corretor Eduardo Fernandes destaca que a maior parte das pessoas que buscam imóveis na cidade vem de Belo Horizonte. “São poucos moradores da cidade que vão comprar casas nos condomínios”. Segundo ele, o meio ambiente é a chave do negócio. “É o ar, a visão e a qualidade de vida que a região oferece”, garante.