O ministério das Finanças da Alemanha refutou, por meio de comunicado, a afirmação do titular das Finanças grego, Yannis Stournaras, de que seria preciso buscar uma forma de países que, segundo ele, se beneficiam dos efeitos da crise da zona do euro "compartilharem os lucros com outras nações".
Segundo o órgão alemão, "não há vencedores nessa crise". O ministério acrescentou que todos os países são afetados negativamente, "alguns porque perderam o acesso a mercados financeiros, outros porque assumiram enormes garantias" para Estados que recebem ajuda internacional, em uma crítica à própria Grécia.
O ministério das Finanças alemão acrescentou que países como a Grécia também se beneficiam de taxas de juros mais baixas, que "são menores hoje do que há um ano ou antes do início da união monetária europeia". O órgão reiterou ainda a sua posição de que a necessidade de reformas estruturais e consolidação orçamental são a lição "correta" a ser aprendida com a crise, rejeitando os pedidos de afrouxamento das políticas de austeridade fiscal na Europa.
Em entrevistas publicadas nas edições de fim de semana de dois jornais, um grego e um alemão, o ministro das Finanças da Grécia afirmou que a economia do país, que se encontra no sexto ano de recessão, está começando a virar o jogo. Ao jornal grego To Vima, ele disse que os esforços da Grécia em reparar as finanças públicas podem permitir o retorno aos mercados internacionais de dívida já no ano que vem, reduzindo a dependência do país da ajuda de 173 bilhões de euros da troica de credores oficiais formada pela Comissão Europeia, Banco Central Europeu e do Fundo Monetário Internacional.
Ao jornal alemão Frankfurter Allgemeine, Stournaras reiterou a necessidade de a zona do euro resolver os desequilíbrios criados pelo euro entre os países ricos do norte e o sul mais pobre, afirmando que o norte da Europa deve reciclar algumas das suas riquezas. "Precisamos encontrar uma maneira de fazer com que países que se beneficiam dos efeitos da crise da zona do euro possam compartilhar os lucros com as outras nações", apontou o ministro.
Segundo ele, a Alemanha e outros países com classificação de risco de crédito triplo A se beneficiaram da crise. "O meu amigo e colega, Wolfgang Schaeuble (ministro alemão das Finanças), não compartilha a minha opinião sobre isso, mas temos que lembrar (....) que, em um sistema de taxas de câmbio fixas, o resultado de deflação ou austeridade é sempre uma recessão em todos os países", acrescentou Stournaras. As informações são da Dow Jones.
http://www.estadao.com.br