(© Marcello Casal Jr./Agência Brasil)
A alta internacional das commodities (bens primários com cotação internacional) e a recuperação do consumo global levaram o governo a projetar um superávit recorde da balança comercial este ano. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia, o país deverá encerrar o ano exportando US$ 89,4 bilhões a mais do que importará.
A projeção representa alta de 75% em relação ao superávit de US$ 50,9 bilhões registrado em 2020. Até nesta quinta-feira, o recorde anual na balança comercial foi registrado em 2017, quando o Brasil exportou US$ 66,99 bilhões a mais do que tinha comprado do exterior.
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A valorização dos minerais foi ainda maior: alta de 30% na mesma comparação
A cada três meses, a Secex atualiza as estimativas de saldo para a balança comercial. Em janeiro, o órgão previa que o indicador encerraria o ano com superávit de US$ 53 bilhões. Os números apresentados nesta quinta-feira mostram crescimento tanto das exportações como das importações em relação à projeção anterior.
De acordo com as previsões da Secex, o país exportará US$ 266,6 bilhões em 2021 e importará US$ 177,2 bilhões. Nas estimativas apresentadas em janeiro, as exportações estavam em US$ 221,1 bilhões; e as importações, em US$ 168,1 bilhões. Na comparação com 2020, o crescimento das exportações saltou de 5,3% para 27%. A alta das importações passou de 5,6% para 20,4%.
Consumo
Segundo o secretário de Comércio Exterior, Lucas Ferraz, dois motivos explicam a elevação da estimativa. O primeiro é a valorização das commodities no mercado internacional. De janeiro a março, os preços médios dos produtos agropecuários subiram 11,5% em relação ao mesmo período do ano passado. A valorização dos minerais foi ainda maior: alta de 30% na mesma comparação.
A segunda razão para a equipe econômica revisar as projeções está relacionada ao aumento do consumo internacional, em um cenário de recuperação da pandemia da Covid-19. De acordo com o secretário, vários países estão diminuindo o consumo de serviços, normalmente produzidos por economias avançadas, e aumentando as compras de bens físicos, o que favorece países emergentes como o Brasil.
“Novas informações, com base em relatórios internacionais, sugerem que este ano haverá aumento expressivo do comércio global. Em meio à pandemia, o consumo global tem se redirecionado de serviços para bens manufaturados e agrícolas”, explicou Ferraz.
Petróleo
Nos três primeiros meses do ano, o desempenho da balança comercial acumula superávit de US$ 1,648 bilhão, o menor saldo para o período desde 2015. Naquele ano, a balança tinha registrado déficit de US$ 5,577 bilhões nos três primeiros meses. O Ministério da Economia, no entanto, atribui o encolhimento do saldo comercial à importação de plataformas de petróleo ocorridas nos dois últimos meses, que distorceram o resultado.
Essas plataformas, que estavam registradas em nome de subsidiárias da Petrobras no exterior, tinham sido exportadas na década passada sem jamais terem saído do litoral brasileiro. Com o Repetro, o novo regime tributário para o setor de petróleo, e a nova política da estatal, essas plataformas têm o registro transferido para o Brasil, o que configura uma importação.
Segundo o Ministério da Economia, o saldo comercial melhorará significativamente nos próximos meses, com o início da safra de grãos no Brasil e a diminuição das importações de plataformas de petróleo. Apesar do otimismo da pasta, a previsão de superávit comercial está muito acima das estimativas do mercado financeiro. Segundo o boletim Focus, pesquisa semanal divulgada pelo Banco Central, os analistas de mercado projetavam superávit comercial de US$ 55 bilhões para 2021 até o fim da semana passada.
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