(Valter Campanato/ABr)
Em tempos de aperto fiscal, o "banquete" oferecido pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, a 18 executivos de grandes empresas brasileiras foi pago pelos próprios convidados. Cada empresário teve que desembolsar R$ 40 para almoçar com Mantega e os seus principais secretários. No cardápio, carne e peixe. E também as complexas negociações em torno da Medida Provisória (MP) 627, que trata de mudanças na tributação no lucro das empresas no exterior em tramitação no Congresso.
"A comida estava boa, mas nós pagamos por ela", contou o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, um dos poucos empresários que falou com a imprensa ao final da reunião-almoço, que durou mais de quatro horas. Bem-humorado, o presidente da CNI disse que valeu a pena pagar pelo almoço e, rindo, contou que o peixe não foi a sardinha.
"Teve peixe e carne. Não teve rabada", disse ele. Mas não serviram vinho nem refrigerante. "Só água", revelou Andrade. Para ele, a cobrança da conta mostrou uma "gestão eficiente e bem dura". Ele não achou caro. "O preço é esse mesmo. E não foi a quilo", brincou ele, dizendo que comeu pouco porque falou muito no almoço.
Sardinha assada numa churrasqueira, montada em frente ao Ministério da Fazenda, foi justamente o prato principal servido por um grupo de manifestantes da Força Sindical. De sobremesa, os manifestantes serviram abacaxi. No protesto, eles criticaram Mantega por oferecer um "banquete" para os poderosos, enquanto o povo ficava com a sardinha.
Apesar do bom humor, o presidente da CNI defendeu a necessidade de uma agenda para o Brasil ter um crescimento maior. "Estamos discutindo uma agenda que pode ser positiva para o Brasil este ano para a gente crescer mais e melhor", afirmou. Segundo ele, não houve nenhum pedido dos empresários ao ministro de medidas de estímulo à economia ou redução da carga tributária. "O que foi discutido foi o custo da burocracia tributária e trabalhista e a falta de logística", informou. No encontro com Mantega, os empresários pressionaram por mudanças na MP. Eles reclamam que a MP promove o aumento da carga tributária.
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