Moody's deve derrubar ratings da Andrade Gutierrez e da Odebrecht após prisões de executivos

Estadão Conteúdo
20/06/2015 às 12:42.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:34

A agência de classificação Moody's colocou os ratings da Andrade Gutierrez da Odebrecht Engenharia e Construção (OEC) sob revisão para possível rebaixamento, conforme relatório publicado, no sábado (20). A decisão da Moody's reflete a percepção de aumento do risco de crédito após os mandados de busca e apreensão e prisões preventivas de executivos nessas empresas, na sexta-feira (19), no âmbito da 14ª fase da Operação Lava Jato, que investiga esquemas de corrupção e cartel na Petrobras.

Foram colocados em revisão para possível rebaixamento os ratings corporativa da Andrade Gutierrez, em Ba2, e o de emissor, também de Ba2. De acordo com a Moody', US$ 500 milhões em bônus seniores sem garantia e com vencimento em 2018 poderiam ser impactados.

A classificadora explica que embora as investigações em relação às construtoras Andrade Gutierrez e Odebrecht ainda estejam em andamento, sem a condenação ou penalidades, as buscas e as prisões feitas ontem poderiam afetar negativamente a execução de estratégias de crescimento das empresas no curto prazo e questionamento adicionais para o setor de construção civil no Brasil.

Dentre os presos, estão o presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo, e o da Odebrecht, Marcelo Odebrecht. Eles estão detidos na Custódia da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba - sede das investigações da Lava Jato. A previsão é de que os depoimentos comecem no sábado (20).

Os ratings de ambas as construtoras podem ser rebaixados, de acordo com a agência, se verificado o aumento dos riscos advindos das investigações da Lava Jato como, por exemplo, redução da liquidez para fazer frente às dívidas ou redução significativa no seu portfólio de projetos, aumentando a alavancagem e enfraquecendo o perfil de negócios. No caso da Odebrecht, o próximo vencimento no mercado de dívida da empresa, segundo a classificadora, é em 2018 de uma emissão de R$ 500 milhões em notas seniores sem garantia, com rating Baa3.

O processo de revisão dos ratings, segundo a Moody's, focará na capacidade prospectiva da companhia de suportar seus negócios e continuar operando em tal ambiente embora a agência considere difícil prever o prazo e o os desdobramentos jurídicos dessas investigações. "A revisão também levará em consideração que a OEC atualmente tem liquidez suficiente para cobrir todos os vencimentos de dívida e garantias extrapatrimoniais, o que parcialmente mitiga potenciais implicações negativas sobre os negócios no curto prazo", acrescenta a classificadora.
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