(FLÁVIO TAVARES)
A possibilidade de volta dos jatos e de 1,5 milhão de passageiros ao Aeroporto da Pampulha, já em 2017, como pretende a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), é motivo de apreensão para milhares de pessoas que residem nos 40 bairros da região.
“Por falta de planejamento, permitiram que a cidade fosse crescendo, quase sufocando o aeroporto. Mesmo com a recente diminuição dos voos no terminal, sofremos com a poluição e com o barulho que vêm dos motores das aeronaves em manutenção, além dos helicópteros e aviões executivos. O retorno das grandes aeronaves tornaria a insegurança e o desconforto ainda pior”, diz o representante da Associação do Bairro Jaraguá, Rogério Carneiro de Miranda.
Ele e integrantes de outras dezenas de associações de bairros da redondeza formaram, no ano passado, o movimento “Mais Voos? Aqui Não!”. O grupo está disposto, inclusive, a protocolar denúncia no Ministério Público Federal e Estadual de Minas Gerais caso a Infraero insista na volta dos aviões de grande porte.
“Poderíamos chegar a um consenso, desde que houvesse medidas de mitigação e de proteção. Uma coisa possível, por exemplo, seria financiar janelas acústicas nas áreas mais próximas e voos em horários preestabelecidos, com respeito à vizinhança. Mas órgãos públicos e companhias aéreas nunca nos procuraram para dialogar”, reclama. Estresse, incômodo com o cheiro de querosene, trânsito já complicado, convivência constante com ruídos e medo são situações vividas no cotidiano por moradores, segundo Miranda.
Para o piloto e professor do curso de Ciências Aeronáuticas da Fumec, Rogério Botelho Parra, o Aeroporto da Pampulha é homologado e regulamentado, e apresenta pouco risco de acidente. “A pista é maior que Congonhas e Santos Dumont, que também estão localizados em centros urbanos. Em termos de segurança, o terminal atende às normas”, diz o professor.
O único problema é a operação em dias de chuva forte e baixa nebulosidade, já que não há procedimento por precisão. “Nesse caso, o avião terá que pousar em um outro aeroporto”, afirma. Ele admite que os moradores sentem impactos, mas também argumenta que um aeroporto bem localizado como o da Pampulha não pode continuar como um elefante branco.
Obras
Conforme revelou o Hoje em Dia na edição de ontem, a Gerência Comercial do aeroporto prospecta novos negócios e já projeta 2,2 milhões de passageiros para 2018.
Obras como reforma de sanitários, novas sinalizações do sistema de pista e luzes de cabeceira e renovação do check-in devem estar prontas até o fim deste ano. O pacote de melhorias visa a obtenção da autorização da Anac para voos de maior porte no terminal, após algumas negativas.