MPF quer explicações para falta de combustíveis no RS

Elder Ogliari
19/10/2012 às 19:51.
Atualizado em 21/11/2021 às 17:23

O Ministério Público Federal (MPF) instaurou um procedimento administrativo para apurar os motivos do desabastecimento de combustíveis no Rio Grande do Sul. Durante esta semana, muitos dos 3.131 postos do Estado receberam somente 40% do volume que as distribuidoras costumavam entregar, diariamente, de acordo com cálculo do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes (Sulpetro). "Neste momento, temos 38 pontos de venda parados por falta de produto", afirmou o presidente da entidade, Adão Oliveira, na tarde desta sexta-feira. São postos que esgotaram os estoques durante o dia e ficaram esperando pela entrega do dia seguinte.

A explicação da Petrobras, divulgada por nota, tem sido a de que, "devido às condições climáticas desfavoráveis para a amarração de navios e descarga de matéria-prima no terminal marítimo de Tramandaí, a Refinaria Alberto Pasqualini (Refap) está com sua produção reduzida". A estatal ressalta ainda que "está oferecendo formas complementares de suprimento à região mediante a utilização de alternativas logísticas negociadas com as companhias distribuidoras". Revendedores dizem ter sido informados de que as distribuidoras têm se abastecido na Refinaria Getúlio Vargas, em Araucária, no Paraná, para levar combustíveis ao Rio Grande do Sul.

Tanto a Petrobras quanto o Sulpetro acreditam que a questão será resolvida nos próximos dias porque desde esta quarta-feira (17) as condições climáticas voltaram a permitir a transferência de petróleo para as monoboias de Tramandaí, de onde a matéria-prima é conduzida por dutos até a Refap, onde é transformada em gasolina, óleo diesel, querosene de aviação e solventes. O sindicato espera que o abastecimento se normalize nesta segunda-feira (22). A estatal não especificou a data.

O MPF deu prazo de cinco dias, a contar desta sexta-feira, para que todos os envolvidos na cadeia do abastecimento, expliquem o que aconteceu e informem os procedimentos tomados para a solução do problema. "Se realmente o fator climático é decisivo, é necessário um plano de contingência", afirma o procurador da República Nilo Marcelo de Almeida Camargo. Como situações de vento forte a ondas altas são comuns na costa gaúcha e não haviam provocado desabastecimento em ocorrências anteriores, as justificativas emitidas até agora foram consideradas contraditórias pelo MPF, que também está preocupado com um possível aumento de preços ao consumidor provocado tanto pela escassez quanto pelo custo de transportar os combustíveis de outras regiões para o Sul.
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