O fim da desoneração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos de forma gradual neste início de ano deve gerar resultados mais fracos para o varejo ampliado, que inclui as atividades de material de construção e de automóveis. A avaliação é do economista da MCM Consultores Associados Leandro Padulla. "Para o (varejo) ampliado, o ano deve começar um pouco mais fraco pela mudança de regime de IPI, com o aumento gradual (de alíquotas) para automóveis", afirmou.
O varejo ampliado registrou queda de 1,2% em novembro ante outubro, conforme divulgou na manhã desta terça-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com novembro de 2011, as vendas do varejo ampliado subiram 7,2%. O setor de veículos e motos, partes e peças registrou queda de 5,0% no volume de vendas na passagem de outubro para novembro, mas teve alta de 4,8% contra novembro de 2011. De acordo com Padulla, os números do setor automotivo devem ser piores neste início de ano, pois o aumento do IPI prejudicará o desempenho das vendas.
Apesar disso, a previsão do economista é que a demanda continue responsável por grande parte do crescimento em 2013. O mercado de trabalho apertado e a taxa de desemprego baixa, mantidos, deverão colaborar para uma alta de 9% neste ano para o varejo restrito. "No restrito, deve continuar forte em 2013, puxado pelo mercado de trabalho e rendimento real", disse Padulla.
O resultado de novembro de 2012 (0,3% no varejo restrito ante outubro), apesar de positivo, mostra desaceleração frente a outubro (0,8%). "Já era esperado uma certa desaceleração em novembro, pois se esperava que móveis e eletrodomésticos caíssem por conta do esgotamento da medida de redução do IPI", comentou. A previsão da consultoria para dezembro é 0,6% no varejo restrito, acumulando crescimento de 8,6% no ano.
"As vendas de mercado devem ter apresentado nova melhora em dezembro, e os dados de consultas em cheques e do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) também apontam melhora no último mês do ano", justificou Padulla. Segundo ele, os resultados do varejo no ano passado "não sentiram efeito da inflação". "Quem puxou o resultado do varejo restrito foi justamente o setor de supermercados", afirmou. O setor de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo foi responsável pelo maior impacto nas vendas do varejo ampliado, com uma contribuição de 31,4% para a taxa geral de 7,2% de novembro em comparação com um ano antes. Sobre outubro, as vendas do setor cresceram 0,6% em novembro.
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