(Eugênio Moraes)
BRASÍLIA - O lucro das mulheres empreendedoras é 40% menor que dos homens. Na comparação entre raças, brancos que tocam seu próprio negócio conseguem rendimentos até 24% maiores que dos negros. Os dados divulgados esta semana pelo governo fazem parte da pesquisa Vozes da Nova Classe Média, que buscou desvendar o perfil do pequeno empreendedor e o impacto desses trabalhadores na economia brasileira. O estudo aponta, por exemplo, que analfabetos empreendedores têm um rendimento 73% inferior diante dos que possuem nível superior incompleto. De acordo com a pesquisa, essa realidade vem sendo gradualmente alterada, uma vez que o lucro de mulheres, de 2003 a 2013, registrou crescimento 8% acima do que foi verificado com os homens. O mesmo vale para negros, com crescimento nos seus lucros 11% maiores diante que brancos. Já os analfabetos, no mesmo período, ampliaram seus lucros 17% acima dos que já ingressaram em universidades. A pesquisa também indica que embora o número de mulheres venha crescendo entre os microempresários, de 39% para 40,4%, de negros, de 6,7% para 8,6%, e profissionais com curso técnico, de 20,3% para 33,5%, esse crescimento é menos expressivo que as demais categorias. O principal crescimento em quantidade de empresários vem dos que já fizeram curso superior de 44,3% para 56,5%. Regiões Entre as principais metrópoles brasileiras, as mais pobres, Recife e Salvador, também tiveram maior crescimento no lucro nos últimos anos, subindo 21% e 19% a mais que São Paulo, a mais rica metrópole brasileira. Mesmo com a melhora, os lucros nestas duas metrópoles ainda são 38% e 30% menor que o observado na Grande São Paulo. Nas periferias o movimento é semelhante. Há um impulso no lucro medido, 3% acima das capitais. A maior taxa de empreendedorismo do país está no Pará, seguido pelo Maranhão e Rondônia. Apesar de estarem no topo desta lista, esses estados também aparecem nas últimas colocações quanto ao rendimento desses trabalhadores. O Pará tem o 24º pior rendimento para o empreendedor, o Maranhão fica em último, na 27ª colocação, e Rondônia aparece melhor, na 13ª posição. A unidade da federação em que há menos empreendedorismo é o Distrito Federal, o que está atrelado, segundo os pesquisadores, ao elevado número de funcionários públicos da capital, Brasília. A relação horas trabalhadas mostra que é em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás e Minas Gerais em que esses profissionais mais trabalham, de 42 a 44 horas semanais. A Bahia fica em último lugar, com 37,5 horas por semana, seguida do Maranhão, de Sergipe, Piauí e Alagoas, onde se trabalha em média 38 horas. Chance O estudo ainda conclui que as chances de um brasileiro com ocupação se tornar um empreendedor caíram 8,5%, de 2006 a 2013. Enquanto o lucro dos que mantêm pequenos negócios cresceu 4% ao ano. Nas empresas com mais de cinco empregados, o lucro cai em média 27,3% quando comparado com o de trabalhadores que fazem o serviço por conta própria. Aqueles com até cinco empregados tem lucro 12,7% menor. As empresas abertas há menos de 30 dias têm seus lucros aumentados em 42,8% mais que os daqueles estabelecidos há mais de dois anos.