Nippon Steel aciona a Justiça para derrubar presidente da Usiminas

Tatiana Moraes
tmoraes@hojeemdia.com.br
08/07/2016 às 22:46.
Atualizado em 16/11/2021 às 04:13
 (Divulgação/Usiminas)

(Divulgação/Usiminas)

Em mais um capítulo da novela pelo controle da Usiminas, a Nippon Steel, que divide a sociedade da siderúrgica com a Ternium-Techint, entrou na Justiça para derrubar o presidente-executivo da companhia, Sérgio Leite, e pedir que o poder judiciário institua um interventor. Responsável pelo comando da empresa desde 25 de maio, Leite substituiu Rômel Erwin de Souza apoiado pela ítalo-argentina. Uma audiência de conciliação será realizada na segunda-feira para tentar conter os ânimos, já que a desembargadora Mariza Porto decidiu por não acatar o pedido. 

Embora o recurso tenha sido indeferido pela desembargadora, o novo Código de Processo Civil (CPC) determina que uma audiência de conciliação seja realizada.

O processo corre em segredo de Justiça. Esta é a segunda vez que a Nippon aciona o poder judiciário tentando mudar o quadro gerencial da companhia. Um agravo de instrumento já foi protocolado em primeira instância, mas negado. 

Caso antigo

A briga entre as duas companhias é antiga. Em 2014, o então presidente Julián Eguren, indicado pela Ternium, foi afastado por “divergência” nos números da Usiminas. Ele foi substituído por Rômel Erwin de Souza, que tinha o aval da Nippon. Ele logo foi ceifado, cedendo a cadeira a Sérgio Leite.

Na prática

A decisão da desembargadora pode dar um norte à siderúrgica. Conforme informou o colunista do Hoje em Dia José Antônio Bicalho na última quarta-feira, três possíveis saídas foram apontadas pelo diretor-executivo da Nippon no Brasil, Yoichi Furuta, em entrevista coletiva em São Paulo: “a divisão dos ativos da empresa entre os sócios; a aquisição da participação de um deles pelo outro; ou a fusão (ideia até então sequer aventada) da Usiminas com outro grupo siderúrgico nacional”. 

Vale ressaltar que a batalha pelo controle agrava o problema financeiro da Usiminas, que, além de amargar prejuízos, encerrou março com dívida bruta de R$ 7,4 bilhões. Como se não bastasse o tamanho do rombo, a composição do débito é preocupante. Afinal, 45% são em moeda estrangeira e quase 40% com vencimento no curto prazo. Ou seja, uma bomba relógio. 

Respostas

A Nippon preferiu não se pronunciar sobre o caso. Indicado pela Ternium, o presidente do Conselho de Administração da siderúrgica, Elias Brito, se manifestou por nota. 

“É muito grave que a Nippon peça que a Justiça brasileira desconsidere a decisão do Conselho de Administração da Usiminas para colocar no lugar de presidente, cargo máximo da gestão de uma empresa, um executivo externo, sem conhecimento da companhia e sem ao menos consultar o Conselho. O Conselho de Administração ao elegê-lo confia que Sérgio Leite reúne exatamente as qualidades que a Usiminas precisa neste momento: capacidade de unir forças para ajudar a companhia a sair da crise”, diz o texto.

Ainda conforme a nota, a ação da Nippon gerou instabilidade à siderúrgica em um momento delicado. “A postura de pedir um interventor gera grande instabilidade para a Usiminas em um momento sensível para a companhia em que a renegociação das dívidas está sendo finalizada. Importante destacar que a Ternium e a Nippon foram os principais apoiadores do aumento de capital de R$ 1 bilhão, concluído. Em um momento que os sócios apoiam a empresa, a Nippon solicita que a Justiça assuma a responsabilidade pela gestão da Usiminas”, critica o presidente do Conselho.

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