O cenário adverso do mercado para o setor siderúrgico e a disputa interna pelo poder na Usiminas culminaram no rebaixamento, pela agência de classificação de risco Fitch, do rating da Usiminas, que passou de BB+ para BB, com perspectiva estável.
Segundo a agência, o corte na nota reflete a expectativa de que a demanda por aço continue fraca no Brasil, e também de que o lucro da empresa na exportação de aço seja limitado. Dados do Instituto Aço Brasil (IABr) divulgados na última semana apontam para uma queda de 0,7% na produção de aço bruto no Brasil no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo intervalo de 2014. No mês de março a queda atingiu 7,4% sobre o mesmo mês do ano anterior.
A Fitch também afirma que o excesso de oferta de minério de ferro no mercado pode tornar esse segmento dos negócios da empresa “não lucrativo”. A Usiminas fez investimentos altos nesse segmento nos últimos anos para ampliar sua capacidade de produção e a verticalização na fabricação de aço. No entanto, a companhia convive atualmente com ociosidade dos altos-fornos e queda livre do preço do insumo siderúrgico.
A agência cita ainda conflitos no Conselho da empresa, que na opinião da Fitch continuam a afetar o foco estratégico e o processo de tomada de decisões da Usiminas.
Em 24 de setembro de 2014, com voto de minerva do então presidente do Conselho de Administração da Usiminas, Paulo Penido, foram destituídos de seus cargos na companhia três executivos indicados pelo sócio argentino Ternium/Techint, entre eles o presidente-executivo da Usiminas à época, Julián Eguren.
A decisão tornou pública uma disputa interna entre os argentinos e os japoneses da Nippon Steel – os dois maiores acionistas – pelo controle da empresa. Os japoneses acusam os três diretores de terem recebido bonificações irregulares. Os argentinos negam a irregularidade e buscam na Justiça a recondução do executivos aos seus cargos. Três desembargadores julgam o pedido e um deles votou de forma favorável à Ternium.
Para os analistas de mercado, enquanto Ternium e Nippon brigam, quem sangra é a Usiminas. As ações preferenciais da empresa fecharam nesta segunda-feira (20) em alta de 3,05% e as ordinárias, em queda de 2,81%.