Os ganhos do retorno da insulina mineira

Do Hoje em Dia
25/10/2012 às 06:29.
Atualizado em 21/11/2021 às 17:31

Auspiciosa a notícia de que uma empresa mineira voltará a fabricar insulina, por iniciativa de fundadores da Biobrás, primeira empresa de biotecnologia criada no Brasil, em 1973. Ela nasceu de pesquisas de cientistas da Universidade Federal de Minas Gerais que desenvolveram novas tecnologias para a produção de insulina. Por sua importância, a Biobrás recebeu recursos públicos e sua fábrica em Montes Claros foi construída com incentivos da Sudene. Foi a primeira empresa de tecnologia brasileira a abrir seu capital e a lançar ações em bolsa de valores. Quando foi vendida para o grupo dinamarquês Novo Nordisk, o maior produtor mundial de insulina, a Biobrás era a quarta maior do mundo e respondia por 85% do mercado brasileiro.

A venda dessa empresa mineira bem-sucedida teve como principal fator a abertura do mercado brasileiro à concorrência externa em condições que se tornaram insustentáveis para a Biobrás, que tinha no Ministério da Saúde seu principal cliente. Assim, em dezembro de 2001, anunciou-se que a Novo Nordisk estava adquirindo 76% do controle da Biobrás, equivalente a 39% do capital total da empresa, pelo valor de US$ 31,6 milhões. Parte das ações estava em poder do BNDES. Mais tarde, foi fechada a fábrica de Montes Claros e o Brasil passou a consumir insulina produzida na Europa.

Antes que os dinamarqueses se tornassem donos de toda a empresa, o departamento de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação foi desmembrado para formar uma nova empresa, a Biomm Technology S/A, que se tornou detentora das patentes nacionais e internacionais da Biobrás. O presidente da nova empresa, Guilherme Emrich, um dos três sócios fundadores da Biobrás, fundou logo em seguida a FIR Capital Partners. Esta empresa é gestora de fundos mútuos de investimentos em novas empresas tecnológicas. A própria Biobrás havia se tornado, com os antigos controladores, uma geradora de novos empreendimentos nessa área.

O governo de Minas, por meio do BDMG e da Fapemig, vai participar, com R$ 56 milhões, do financiamento das obras de construção da fábrica de insulina em Nova Lima. Além disso, o BDMG se associa à Biomm, aplicando R$ 29 milhões no capital da empresa. O empreendimento exigirá investimentos totais de R$ 330 milhões para, a partir de 2015, produzir anualmente 20 milhões de frascos de insulina. Dificilmente um investimento desse porte se concretizaria apenas com recursos privados, daí a participação do Estado.

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