Para a Copa, até bandeira do Brasil tem etiqueta da China

Iêva Tatiana - Hoje em Dia
11/05/2014 às 07:46.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:31
 (Frederico Haikal)

(Frederico Haikal)

A seleção de futebol chinesa não vai disputar a Copa do Mundo 2014, mas, no quesito artigos temáticos para o Mundial, a China já entrou em campo e com ares de campeã. Dos 80 fabricantes e varejistas licenciados pela Federação Internacional de Futebol (Fifa) para produção e venda de itens oficiais em todo o mundo, 10 estão sediados no país asiático.    Mas é no comércio de artigos não-oficiais que a presença desse time é massacrante. Em Belo Horizonte, até a bandeira verde e amarela é encontrada com etiqueta de origem chinesa. O mesmo acontece com camisas, canecas, bandanas, bolas e o restante de uma lista gigantesca de produtos vendidos a preços populares.   “A Copa poderia ter sido boa para a indústria (mineira), mas com o volume de produção e os preços dos chineses, fica difícil competir”, afirma o consultor de negócios internacionais da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Alexandre Brito.   Dificuldades   Segundo ele, a agilidade produtiva e a pontualidade dos fabricantes orientais sobressaem-se nesses momentos. “É uma coisa oportunista. Eles querem lucrar com a Copa”, diz Brito. Ele lembra, ainda, que muitos empresários do segmento de brindes em Minas, segmento com produtos mais demandados para a Copa, são de pequeno porte, o que dificulta mais a concorrência.   A responsável pelo setor de compras da MG Brindes, fabricante de artigos em EVA de Lagoa Santa, na região metropolitana, Cristina Horta, confirma a desilusão às vésperas do torneio.    “A concorrência com os chineses atrapalha. Ainda não tive nem pedido de cotação. Normalmente, ocorre pelo menos um ‘buchicho’, o pessoal vai sondando, mas não temos nada para a Copa”, afirma Cristina.   Made in China   De acordo com o último balanço do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), de janeiro a março, Minas Gerais importou US$ 443,41 milhões em produtos chineses, 4,51% a mais do que nos três primeiros meses do ano passado (US$ 424,27 milhões).    O país é o principal fornecedor estrangeiro de produtos básicos, industrializados, manufaturados e semimanufaturados do Estado, representando 16,8% do total.   De acordo com o empresário Helvécio de Araújo Monteiro, proprietário da Brindes Couro Mix, em BH, há dois meses a empresa lançou na internet sugestões de produtos relacionados à Copa, mas, até hoje, nenhum negócio foi fechado.   “Na semana passada, um fornecedor nos mandou umas amostras de vuvuzelas, mas acho que nem vamos investir nelas, porque tudo isso demanda tempo para entregar e não está acontecendo nada”, diz o empresário.    No comércio, produto brasileiro é exceção   No varejo, os produtos de origem chinesa também predominam nas prateleiras. Na loja Arquibancada, no bairro Santa Efigênia, especializada em artigos relacionados ao futebol, a maior parte dos itens à venda foi fabricada na Ásia, inclusive as camisas oficiais de passeio da Seleção brasileira. Segundo uma vendedora, os demais itens com o tema da Copa do Mundo são todos de origem chinesa.   Apesar do placar favorável à China, a Federação Internacional de Futebol (Fifa) afirmou, por meio da assessoria de imprensa no Brasil, que está comprometida em fazer desse Mundial “um evento verdadeiramente brasileiro através dos seus programas exclusivos de varejo e de venda”.   Invasão oriental   Na Loja do Hexa Brasil, na região da Savassi, a situação é semelhante. Com exceção da seção de malharia, produzida por uma confecção própria, os outros artigos são quase todos chineses.   “O fato de a Copa ser realizada no Brasil não trouxe nenhum peso a mais para o evento nem para o comércio local. Ainda há muitos produtos da China no mercado. Tirando as camisas, que sempre fizemos, o restante dos produtos é quase todo de lá”, afirma o gerente do estabelecimento, Geraldo Ferrer.    Fifa licenciou 70 fabricantes nacionais   No Brasil, 70 empresas de diversas categorias de produtos foram licenciadas por um “licenciado mestre”, nomeado pela Federação Internacional de Futebol (Fifa) para a produção, distribuição, montagem e vendas dos artigos oficiais da Copa do Mundo 2014.   Dentre os benefícios oferecidos pela Federação Internacional de Futebol a essas empresas estão a liberação do uso de marcas e ícones ligados à Copa e divulgados mundialmente, como o Troféu da Copa do Mundo da Fifa, o emblema da entidade e o mascote oficial (Fuleco).

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