Para Nakano, inflação de 2013 deve se aproximar da meta

Ricardo Leopoldo
17/09/2012 às 16:15.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:21

O diretor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EESP-FGV), Yoshiaki Nakano, avaliou nesta segunda-feira que é bem provável que o IPCA convirja à meta de inflação de 4,5% em 2013. "Boa parte da inflação que registramos hoje ocorre em função de choques externos, como o que afetou alimentos com a seca nos EUA, e indexação no mercado doméstico", disse Nakano à Agência Estado. "Mas, como o consumo e a expansão do mundo está fraca e o Brasil está crescendo bem abaixo do seu potencial, há uma força desinflacionária vigorosa que vai continuar a ser registrada no próximo ano", acrescentou.

Na avaliação de Nakano, o Brasil tem condições de crescer pelo menos 4% no próximo ano, especialmente porque o Produto Interno Bruto (PIB) em 2012 deverá apresentar uma expansão pequena, que não vai superar 2%. "Contudo, pode ser que o governo esteja criando as condições para que o País apresente uma expansão sustentada de 4% a 5% a partir de 2014", comentou. Segundo ele, uma desses fatores estruturais é a vigorosa redução da taxa de juros nominal, que em 12 meses encerrados em agosto baixou de 12,50% ao ano para 7,50% ao ano, o que permitiu que a taxa real de juros ficasse ao redor de 1,70%.

Outro elemento importante que deverá permitir que o PIB avance para patamares de 4% a 5%, segundo Nakano, é a mudança do patamar de câmbio, cuja taxa nominal saiu em alguns meses de R$ 1,70 para R$ 2,00 atualmente. "A questão é saber se o câmbio vai ficar neste patamar. A boa notícia é que o governo não quer mais apreciação do real ante o dólar, como afirmou o secretário executivo do ministério da Fazenda, Nelson Barbosa", destacou. "Mas ele disse também que o patamar atual do câmbio é apreciado, em termos históricos para o Brasil", afirmou.

Nakano disse que o ideal seria o Brasil adotar uma cotação do real ante o dólar bem próxima do patamar de câmbio de equilíbrio, que, para ele, é aquela que permite um ritmo próximo da produção industrial doméstica com as importações de manufaturados pelo País, o que é apurado parcialmente pelas vendas do comércio varejista. "Esse patamar de câmbio de equilíbrio varia de acordo com o tempo, mas certamente se estivesse entre R$ 2,15 e R$ 2,20 seria melhor do que o atual", destacou.

Para Nakano, o Poder Executivo precisa tomar cuidado com a tendência de apreciação do câmbio de curto prazo, que deverá vir do exterior com a terceira edição da política de afrouxamento quantitativo dos EUA. "Mas o governo cortou o mal pela raiz ao definir o IOF para aplicações externas em papéis de renda fixa", ponderou. "E isso faz a diferença, pois essa taxa pode subir caso o ingresso de capitais tente pressionar o câmbio", disse.

De acordo com Nakano, a nova postura do governo com o câmbio "flutuante para os dois lados, pois antes só valorizava" dá chances para estimular o setor manufatureiro a ganhar algum vigor no médio prazo. "O Brasil estava passando por um processo de desindustrialização e agora pode iniciar um período de reindustrialização, mas isso vai levar um bom tempo, até que os empresários ganhem confiança que o patamar de câmbio será mais estável e interessante para investir no mercado doméstico", apontou.

Nakano participa do Fórum de Economia realizado pela Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EESP-FGV).
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